A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) organiza a campanha Abril Lilás para conscientizar sobre o câncer de testículo, que atinge principalmente homens entre 15 e 40 anos. Dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Ministério da Saúde mostram que, entre 2014 e 2023, ocorreram 4.000 mortes. De 2015 a 2024, foram realizadas 47 mil cirurgias por causa da doença.
“O principal sinal de alerta é o aparecimento de um nódulo ou aumento no volume de um dos testículos, geralmente indolor”, explica André Salazar, urologista supervisor da Disciplina de Câncer de Testículo da Sociedade Brasileira de Urologia.
Profissionais da saúde reforçam que a prevenção é a melhor estratégia quando o assunto é câncer.
Salazar afirma que a sensação de peso no escroto, dor ou desconforto no testículo ou na região inferior do abdômen também são sinais de alerta. “Em casos mais avançados, dor lombar ou aumento das mamas.”
Entre 2014 e 2023, a maior parte das mortes em decorrência da doença foi entre homens de 20 a 39 anos, totalizando 2.444 óbitos (1.327 na faixa de 20 a 29 anos e 1.117 na faixa de 30 a 39 anos).
Outras faixas etárias com números relevantes incluem 40 a 49 anos (490 óbitos) e 50 a 59 anos (285 óbitos). Isso indica que o grupo mais vulnerável é formado por adultos jovens.
“Apesar de o câncer de testículo ser altamente curável, com taxas de cura de mais de 90%, ele pode levar a óbito, especialmente quando diagnosticado tardiamente”, afirma o urologista.
“Muitos homens jovens negligenciam os sinais iniciais por desconhecimento, vergonha ou medo. É essencial quebrar o tabu sobre a saúde masculina”. Salazar cita também a importância de campanhas de conscientização sobre esse tipo de câncer.
“O autoexame testicular deve ser feito mensalmente, de preferência após o banho quente, quando a pele do escroto está mais relaxada. É uma forma simples e eficaz de detectar alterações precocemente. O mais importante é consultar um urologista caso detecte um caroço no testículo”, completa o médico.
Além do autoexame e do exame físico médico, são realizados exames complementares como o ultrassom Doppler, que detecta nódulos e avalia sua vascularização, explica Maurício Cordeiro, coordenador do Departamento de Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
Os marcadores tumorais no sangue alfafetoproteína (AFP), proteína que pode indicar tumores não seminomatosos; a gonadotrofina coriônica humana (BHCG), hormônio que pode sinalizar carcinomas embrionários; e a desidrogenase lática (DHL), enzima cujos níveis elevados podem sugerir doença avançada, entram nos exames para o diagnóstico precoce e o acompanhamento da doença em homens com suspeita ou fatores de risco para esse tipo de câncer.
Não existem recomendações específicas para a frequência do autoexame testicular, “mas se sugere que mensalmente os homens se auto examinarem para conhecer a própria anatomia e tentar identificar alguma alteração”, completa Cordeiro.
O tratamento do câncer de testículo pode envolver cirurgia, quimioterapia e radioterapia, procedimentos que podem comprometer a produção de espermatozoides e afetar a fertilidade masculina. O médico recomenda aos pacientes irem atrás de opções para preservar a fertilidade.
“A opção mais comum é o congelamento de sêmen em banco de esperma, um procedimento simples, seguro e que permite ao paciente planejar filhos no futuro. Após o tratamento da doença”, explica.
O especialista diz também que atualmente existe a linfadenectomia retroperitoneal robótica, uma cirurgia minimamente invasiva para remover gânglios linfáticos na região abdominal, indicada em casos específicos. Com a recuperação mais rápida e cicatrizes reduzidas, essa técnica também ajuda a preservar nervos e reduz riscos para a função sexual do paciente.
Leia Também: Câncer renal: tumor apresenta sinais somente em estágios avançados