Israel ainda não se pronunciou sobre a acusação, mas afirma que seu sistema de distribuição de alimentos em Gaza funciona. Palestinos carregam suprimentos na Faixa de Gaza perto do Corredor de Netzarim, no centro do território, em 29 de maio de 2025.
REUTERS/Ramadan Abed
O escritório de direitos humanos da ONU acusou, nesta terça-feira (24), Israel de usar a comida como “arma” na Faixa de Gaza e de matar mais de 410 palestinos que buscavam ajuda humanitária.
“Pessoas desesperadas e famintas em Gaza continuam enfrentando a escolha desumana de morrer de fome ou correr o risco de serem mortas ao tentar conseguir comida”, afirmou Thameen Al-Kheetan a repórteres em uma coletiva de imprensa em Genebra, referindo-se a uma série de tiroteios fatais próximos a pontos de distribuição da Fundação Humanitária de Gaza.
Al-Kheetan disse que a “instrumentalização” da comida para civis em Gaza, usando-a como se fosse uma “arma” diante do cenário de crise humanitária agravada e risco de fome extrema, constitui um crime de guerra. Essa é a declaração mais contundente da ONU até o momento sobre o novo modelo de distribuição de ajuda humanitária administrado por uma organização americana apoiada por Israel.
“A instrumentalização da comida contra civis, além de restringir ou impedir o acesso a serviços essenciais para a sobrevivência, constitui um crime de guerra e, em determinadas circunstâncias, pode representar elementos de outros crimes segundo o direito internacional”, afirmou ele.