Artista faz performance em frente ao Palácio do Planalto com cabeça de porco e Constituição em mãos
Usando gravata, artista fez protesto silencioso à ‘lambança da política nacional’. Performance faz parte da 18ª edição do festival Cena Contemporânea, em Brasília.
Artista faz performance em frente ao Palácio do Planalto — Foto: Luiza Garonce/G1
Centro político da capital federal, a região próxima à Praça dos Três Poderes ganhou um novo elemento na manhã deste domingo (27). Um homem usando uma gravata, vestido com uma cabeça de porco e a Constituição em mãos.
A performance, que critica a “política personalista e corrompida” no Brasil, é do artista gaúcho Thiago Zanotta, de 31 anos, que integra a programação da 18ª edição do “Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília”.
O ato foi feito no canteiro central da via N1, que passa em frente ao Palácio do Planalto, e estava fechada devido a uma corrida. O performer sentou-se de costas para o Palácio e de frente para o Supremo Tribunal Federal (STF) . Com uma cabeça real de porco e a carta magna no colo, Zanotta fez um protesto silencioso à “sujeira” da política.
“É como se o Congresso fosse o chiqueiro onde ocorre a lambança dos porcos.”
Corredores passam ao lado do performer com cabeça de porco e Constituição nas mãos — Foto: Luiza Garonce/G1
Zanotta disse ao G1 que a ação não foi inspirada em fatos específicos da política nacional, mas – de forma genérica – a tudo o que se passa no Brasil e no mundo hoje “que envolve a prática do capitalismo neoliberal”. Segundo ele, a arte é política em essência, mas não necessariamente partidária.
“A arte hoje não faz muito sentido se estiver afastada do político, do social.”
O personagem metade homem, metade porco simboliza, segundo o artista, a hipocrisia dos discursos políticos e a “porqueira” que os representantes do povo fazem quando misturam o público e o privado, valendo-se das instituições, de regimentos e normas para proteger interesses pessoais.
“No fundo de todo esse refinamento racional, existe uma animalidade que fica bem aparente nos momento críticos, como o que estamos vivendo agora.”
Em novembro do ano passado, a performance esteve em São Paulo com roupagem diferente para participar de uma instalação no Teatro de Arena da PUC. Na ocasião, o artista deu liberdade de interpretação sobre a figura que representava – vestida com roupa suja, engraxada.
Em formato semelhante ao realizado em Brasília, Zanotta disse ao G1 que deve reproduzir a performance novamente na capital paulista. Desta vez, na Bolsa de Valores. O artista também deve passar pelo Rio de Janeiro e outras cidades “com instituições de bastante influência social”.