Diretor da Agência Internacional de Energia Atômica alertou no Conselho de Segurança da ONU que um bombardeio à usina de Bushehr poderia liberar alta radioatividade e exigir restrições alimentares em larga escala. Ataque aéreo do Irã atinge mesquita próxima a prédio do governo de Israel
Um ataque contra a usina de Bushehr no Irã poderia causar uma catástrofe nuclear, alertou nesta sexta-feira (20) no Conselho de Segurança da ONU o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, após afirmar que não foram detectadas emissões de radiação pelos bombardeios de Israel, mas o “perigo” existe.
Após oito dias de ataques israelenses, principalmente contra as infraestruturas nucleares para impedir que o Irã adote de uma arma atômica, não foram registradas “emissões de radiação que afetem a população”, mas o “perigo” existe, disse Rafael Grossi.
Especialmente se a usina de Bushehr for bombardeada, advertiu após apresentar um relatório dos danos sofridos pelas estruturas nucleares e os riscos dos bombardeios iniciados por Israel em 13 de junho, e que os iranianos responderam com o lançamento de drones e mísseis contra o território israelense.
“Trata-se da planta nuclear no Irã onde as consequências de um ataque poderiam ser mais graves” já que é uma usina nuclear em funcionamento que “abriga milhares de quilogramas de material nuclear”, afirmou.
Um ataque a esta usina “poderia provocar uma liberação muito elevada de radioatividade” a “centenas de quilômetros” e poderia requerer “restrições alimentares”, acrescentou.
Esta imagem de satélite fornecida pela Maxar Technologies e tirada em 1º de janeiro de 2025 mostra os reatores de Bushehr, 1.200 quilômetros (750 milhas) ao sul de Teerã. Israel atacou o Irã em uma série de ataques aéreos em 13 de junho, atingindo 100 alvos, incluindo instalações nucleares e militares de Teerã, e matando o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o chefe da Guarda Revolucionária do Irã e importantes cientistas nucleares.
AFP
Portanto, Grossi pediu a “máxima moderação” das partes em conflito e lembrou que é de “vital importância permitir que os inspetores da agência verifiquem que todos os materiais relevantes sejam devidamente considerados, especialmente os enriquecidos a 60%”.
“Além dos potenciais riscos radiológicos, ataques contra esses materiais dificultariam esse esforço”, afirmou.
Membros do Conselho de Segurança da ONU ouvem Rafael Grossi, Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Atômica, falar por vídeo durante uma reunião sobre ameaças à paz e à segurança
AFP
Os ataques deixaram pelo menos 224 mortos no Irã e 25 em Israel, que também matou vários responsáveis militares e cientistas iranianos e danificou sua infraestrutura nuclear.
Pouco antes, no mesmo fórum, o secretário-geral da ONU, António Guterres, havia pedido para dar uma “oportunidade à paz” enquanto em Genebra (Suíça) começou o diálogo sobre o programa nuclear do Irã entre o chefe da diplomacia iraniana e seus homólogos da União Europeia, França, Alemanha e Reino Unido.
Com informações da AFP
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