Moradores relatam encomendas na modalidade PAC paradas em Manaus, falta de atualização no rastreio e frustração com a ausência de respostas. A estimativa é de mais de 4 mil objetos acumulados. CDD dos Correios em Boa Vista, Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Moradores de Roraima enfrentam atrasos e falta de informações nas entregas de encomendas nos Correios do estado. São compras e envios parados há até mais de um mês em Manaus, no Amazonas, sem previsão de entrega que já somam mais de 4 mil. O g1 ouviu nesta quinta-feira (29) consumidores e empreendedores do estado que relatam frustração e prejuízos.
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👉 As queixas surgem de encomendas enviadas no formato PAC, abreviação de “Prático, Acessível e Confiável”. É a modalidade de envio com custo mais baixo e prazo de entrega maior que o Sedex. É uma opção popular para compras digitais.
A reportagem foi até uma das agências e conversou com um dos servidores. De acordo com ele, que preferiu não se identificar, há milhares de objetos parados no centro de distribuição em Manaus. O motivos vão de falta de caminhão para transporte até dificuldade para armazenamento.
“São mais ou menos 4 mil encomendas atrasadas em Manaus. Não sabemos o motivo, acredito que seja por falta de caminhão. Mas hoje mesmo chegou um caminhão PAC vazio, então não entendi. Algumas encomendas estão vindo de carona com o Sedex. Mas é só esperar mesmo, não tem uma previsão”, afirmou o servidor.
Apesar das reclamações, os Correios afirmaram que a “prestação dos serviços de transporte ocorrem dentro da normalidade, observando os percentuais de linhas necessárias para atender as rotas nacionais, regionais e urbanas”.
Por meio de nota, os Correios disseram que estão realizando ajustes para a melhoria da malha operacional “com foco na continuidade e qualidade dos serviços, a estatal está adotando uma série de ações corretivas e contingenciais, para garantir a regularização dos prazos e minimizar impactos nas entregas”.
Sede dos Correios no Centro de Boa Vista, Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Além disso, a empresa estatal afirmou que está “ampliando a capacidade de distribuição – com operações extras nos fins de semana -, além de manter um monitoramento diário e dedicado da evolução das entregas”.
O g1 questionou se a empresa reconhece as mais de 4 mil encomendas paradas em Manaus e aguarda resposta.
‘Frete caro e atraso garantido’
Caminhão do Sedex, dos Correios, em Boa Vista, Roraima
Caíque Rodrigues/g1 RR
Quem vive esse transtorno é a empresária Karen Rosa, de 40 anos. Ela diz que está há mais de 30 dias esperando por uma encomenda enviada via PAC, enquanto outras postadas por Sedex chegaram normalmente.
Para tentar resolver, tem ido com frequência à unidade de Centro de Distribuição Domiciliária (CDD) dos Correios, no bairro 13 de Setembro, zona Sul de Roraima. Um trabalho que, de acordo com ela, deveria ser feito por funcionários da empresa.
“A gente está nessa correria, indo aos Correios quase todo dia pra ver se chegou. O site, muitas vezes, nem atualiza. É bem estressante, bem chato mesmo”, afirma.
No site de rastreio dos Correios, no local onde deveria ter a previsão de entrega, agora com o atraso aparece “Para obter mais informações sobre o objeto, clique aqui e registre uma manifestação”.
Entrega atrasada dos Correios em Boa Vista, Roraima
Reprodução
A última atualização recebida por Karen, a encomenda está em Manaus, sem nova previsão para recebimento.
“A gente paga por um frente que é um dos mais caros do Brasil, para passar por isso. É revoltante. A expectativa é grande, mas o produto não vem. Isso está travando meu negócio. O frete é caro e o atraso é garantido”, afirma Karen, que prefere não revelar o que está esperando, mas diz se tratar de mercadorias de alto valor.
A secretária Ana Flávia Marques da Silva, de 24 anos, relata que está há mais de duas semanas esperando por um smartwatch que comprou no início de maio. A previsão de entrega era para o dia 23 deste mês, mas, com o atraso, passou para o dia 9 de junho.
O rastreio indica que o objeto também está parado em transferência para Manaus.
“É frustrante, pois o prazo de entrega já é bem longo, de pelo menos 20 a 25 dias úteis, e ainda fico na expectativa de receber algo sem sequer ter a certeza se de fato vai chegar”, lamenta Ana Flávia.
Ela afirma que tentou contato com os Correios, mas não obteve retorno. Segundo ela, o problema tem sido recorrente com outras entregas também.
Até o final do ano, os Correios esperam economizar quase R$ 1,5 bilhão com a adesão de medidas como:
Redução de 20% no orçamento de funções, diminuindo a quantidade de cargos comissionados;
Incentivo à redução da jornada de trabalho de 44 para 34 horas semanais;
Suspensão temporária de férias;
Convocação para retorno ao regime de trabalho presencial;
Mudanças no plano de saúde.
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