Guilherme Goes, da banda Zimbra, perdeu os dedos da mão direita em um acidente em Campos do Jordão (SP). Ainda longe do retorno oficial aos palcos, ele fez uma ‘ponta’ em uma apresentação do grupo em Santos (SP). Baixista que perdeu quatro dedos da mão em acidente de buggy sobe ao palco para tocar
O retorno aos palcos de Guilherme Goes, o baixista da banda Zimbra que perdeu quatro dedos da mão direita após sofrer um acidente de buggy, está perto de acontecer. Segundo o músico de 29 anos, a volta definitiva deve ocorrer em maio. Ao g1, ele afirmou que está 100% recuperado.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 Santos no WhatsApp.
Goes sofreu o acidente em 20 de julho de 2024, em Campos do Jordão (SP). Ele revelou que estava habituado a tocar instrumentos usando apenas um dedo mesmo antes do ocorrido. “Quando eu vi que estava com meu dedão, só consegui agradecer”, disse.
Ainda longe do retorno oficial, Goes participou do lançamento do disco ‘Pouso’, da banda Zimbra, no Arena Club, em Santos, no sábado (15). Esta não foi a primeira aparição ‘informal’ dele nos palcos após o acidente. Em 20 de outubro, o músico esteve no início da turnê no Cine Joia, em São Paulo.
Ao g1, o artista explicou que muita coisa mudou na própria vida nos últimos cinco meses. “O processo de recuperação acelerou muito, já estou 100% pronto para voltar a tocar, fazer show e viajar”. Apesar de se sentir preparado desde o início do ano, o grupo achou melhor aguardar a volta dele até maio.
“A gente preferiu esperar para poder, como a turnê já estava em andamento, fazer algo especial para o meu retorno. Eu não queria me comprometer com uma data”, afirmou o baixista.
Isso porque o início da Tour ‘Pouso’ ocorreu um mês após ele receber alta hospitalar. O baixista contou que, na época, não sabia quando estaria pronto e com a mão cicatrizada para retornar oficialmente aos palcos e, por isso, não acompanhou os colegas de banda.
“Estou bem perto de voltar. Provavelmente em maio vai ser o show do meu retorno. Provavelmente vai ser em São Paulo. A gente ainda não tem uma data, mas está tudo se desenhando para isso”, relevou.
Participação no show “em casa”
Baixista da banda Zimbra que perdeu quatro dedos em acidente de buggy tem previsão para retorno aos palcos
@andrecalvao
Diferentemente da participação no show em São Paulo, quando Goes cantou a música “Viva” e tocou “Eu vi tudo”, no concerto em Santos o baixista pediu para tocar o último bloco junto com os colegas.
“Acabei fazendo uma introdução, entrei em ‘Viva’, cantei e já fiquei no palco para o bloco final. Aí toquei ‘Missão Apolo’, ‘Já Sei’, ‘Eu vi tudo’ e ‘Breve’, então foram quatro músicas. Já deu para sentir o gostinho de como era”, comentou ele.
O baixista considerou a participação no show em Santos como “mega emocionante”, já que os músicos são da cidade. “Foi muito difícil mentalmente para mim ficar afastado do palco, deixar 30 shows, entre aspas, para trás, que eu não pude estar na turnê”.
Guilherme se apresentou com a banda Zimbra pela primeira vez em Santos após acidente de buggy em que perdeu quatro dedos da mão
@fabriziotoniolo
“Foi um exercício mental muito forte, mas graças a Deus consegui lidar bem com isso e agora que está no final disso e cada vez mais próximo de retornar aos shows, isso me deixa muito feliz e aliviado”, complementou.
Goes disse que a banda Zimbra ainda tem dois shows da turnê ‘Pouso’, em Goiânia e Brasília. Em abril, o grupo fará uma pausa, mas deve retornar em maio, já com o baixista nos palcos. “Estou muito feliz. Do meu acidente, estou 100% recuperado e me adaptando cada vez mais”, finalizou.
Alta do hospital
Guilherme teve alta em 20 de setembro, após um período de 62 dias internado na Santa Casa de Santos. Pouco depois de ser liberado, ele contou ao g1 que estava feliz em voltar para casa e ficar perto da filha, esposa e demais familiares. Além disso, o músico afirmou que estava cheio de energia.
Guilherme contou que passou por acompanhamento psicológico no hospital e que muitas pessoas se surpreenderam com a forma que ele conduziu a situação com paciência. “Muita gente não aceita o tipo de lesão que eu tive. É uma coisa muito séria, um luto”, disse à época.
Encarar a situação com paciência foi escolha do músico. “Vou lamentar e ficar em depressão ou vou tocar a minha vida. Estou lidando mais como livramento o que aconteceu comigo. Ainda tenho meu dedo aqui. Poderia ter acontecido coisa muito pior, foi um tempo de internação longo, mas foi bom para ressignificar muita coisa na minha vida”.
Guilherme, baixista da banda Zimbra, teve alta após 62 dias internado, em Santos (SP)
Reprodução
Período de internação
Guilherme explicou, logo após o acidente, ter previsão de alta nas primeiras semanas de internação. Apesar disso, a parte de cima da mão começou a necrosar.
O longo período de internação foi necessário para delimitar a área necrosada, que precisou ser removida em cirurgia, seguida de um enxerto de pele.
Guilherme realizou 30 sessões na câmara hiperbárica, que ajudaram a delimitar a necrose e aceleraram a cicatrização da parte inferior da mão. Após a remoção da área necrosada, não foi possível fazer o enxerto de pele imediatamente devido à presença de secreção.
O músico recebeu antibióticos e passou por uma coleta para análise, que identificou duas bactérias. Guilherme precisou tomar medicação por mais 15 dias antes do enxerto.
O baixista relatou que essa fase final no hospital foi a mais difícil, marcada por reações ao antibiótico e por múltiplas tentativas de encontrar uma veia para as infusões.
“Foi bem desgastante nessa reta final, mas fui contribuído com uma cirurgia que deu certo e no pós-operatório já tive alta. Estou mega feliz, já estou com minha família, minha filha, minha esposa. Agora é a hora do recomeço”, disse.
Lançamento do ‘Pouso’
Banda Zimbra
Reprodução
A banda Zimbra lançou o disco ‘Pouso’ em 30 de agosto nas plataformas digitais. Na ocasião, Guilherme ainda estava internado. Para ele, foi difícil já que o grupo tinha planos em relação ao lançamento de conteúdo e clipes.
O baixista afirmou à época que o tanto o single ‘O que era certo’ e o álbum ‘Pouso’ seguiram o planejamento e foram lançados nas datas que já haviam sido combinadas. Do hospital, ele acompanhou a repercussão nas redes sociais.
“Mesmo estando lá internado, de lá tive muito tempo para ficar na internet, e acompanhei bem de perto a recepção do público com o disco. Fazia bastante tempo que não tinha uma recepção tão boa de um trabalho lançado. Foi muito gratificante”, disse.
O acidente
Baixista da banda Zimbra perde quatro dedos após acidente de buggy
De acordo com o baixista, uma amiga o levou imediatamente até um hospital em Campos do Jordão (SP), mas, como não era possível implantar os dedos, após os primeiros socorros, foi transferido à Santa Casa de Santos (SP), onde passou por cirurgia e permanece internado.
“No momento em que ele [buggy] capotou, vi que tinha sofrido esse acidente e perdido os dedos. Eu não apaguei, fiquei super consciente, fiquei até muito sóbrio pela gravidade do acidente”, relembrou Guilherme.
Guilherme contou que ficou em choque no momento do acidente e que traumatizado nos primeiros dias hospitalizado. No entanto, faz questão de agradecer por estar vivo e não ter perdido o polegar.
Guilherme Goes, baixista da banda Zimbra, perdeu quatro dedos da mão direita em acidente de buggy
Reprodução/Redes Sociais
Em agosto, o médico que acompanha o caso, que também é diretor técnico da Santa Casa de Santos, Alex Macedo, disse ao g1 que Guilherme pode voltar aos palcos tocando o contrabaixo com apenas o polegar.
“O polegar é extremamente ágil. Então, acho que com pouco grau de treinamento ele conseguirá voltar a tocar o contrabaixo com um dedo só. […] É possível que ele volte. Vai depender do treinamento, da dedicação dele, mas é possível voltar a tocar o contrabaixo com apenas um dedo”, disse Macedo.
No caso de Guilherme, o médico explicou que ele perdeu os dedos: indicador, médio, anelar e o mindinho. “Ele já chegou para a gente com os dedos amputados […]. Nós não temos os detalhes de como chegou [após o acidente] para saber da possibilidade do implante ou não”.
Banda Zimbra
Com estilo de pop rock, a banda Zimbra foi formada em 2011, pelos músicos santistas Rafael Costa (vocal), Vitor Fernandes (guitarra), Guilherme Goes (baixo) e Pedro Furtado (bateria), e ficou conhecida com um repertório autoral, que gerou diversos CDs, singles, clipes e álbuns. A música ‘Me Mude’, inclusive, chegou a ser trilha sonora da série ‘Shippados’, da Globoplay.
O grupo se apresenta por todo o país e já dividiu palco com artistas como Nasi (Ira!), Teatro Mágico, NX Zero, Natiruts, Capital Inicial, Fresno, Supercombo e Scalene. Além disso, o grupo já participou de importantes festivais, como Lollapalooza (2015) e Rock in Rio (2019).
Baixada em Pauta: Banda Zimbra dá o tom da conversa no programa da semana
VÍDEOS: g1 em 1 Minuto Santos