Biomédica Lorena Marcondes Divinópolis
Reprodução/Redes sociais
A biomédica Lorena Marcondes de Faria foi condenada pela Justiça de Divinópolis por lesão corporal grave e exercício ilegal da medicina, após deformar os glúteos de uma paciente durante um procedimento estético realizado em 2023.
Conforme decisão do juiz Mauro Riuji Yamane, publicada em 1º de julho de 2025, Lorena deve cumprir 4 anos e 1 mês de reclusão em regime semiaberto, além de 8 meses e 5 dias de detenção em regime aberto. Ela poderá recorrer em liberdade.
Apesar da nova condenação, Lorena segue em prisão domiciliar desde maio de 2024, devido a outro processo em que é acusada pela morte de Íris Martins após uma lipoaspiração. O g1 tenta localizar a defesa da biomédica.
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Pump de glúteos
O processo teve início após denúncia de uma paciente que, em abril de 2023, procurou a clínica da profissional para realizar o chamado “pump de glúteos”.
Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o tratamento foi feito de forma invasiva, com perfurações por cânulas e uso de anestesia — prática restrita a médicos.
A vítima relatou ter sentido dores intensas durante o procedimento, como se cânulas estivessem penetrando o músculo da região das nádegas. Ela afirmou que pediu para que o tratamento fosse interrompido, mas Lorena teria ignorado. No processo, a paciente declarou:
“Esclareceu que sentiu tanta dor que achou que ia desmaiar e, apesar de pedir para ela interromper o tratamento, Lorena debochava e continuava, mesmo sem o seu consentimento. Falou que o procedimento durou quarenta minutos, sendo que aparentou estar com queda de pressão e Lorena lhe forneceu uma receita com assinatura e carimbo de um médico, contendo remédios para dor, antibiótico e anti-inflamatório. Informou que, após o procedimento, entendeu que Lorena determinou que não olhasse o ato para que não a visse usando as cânulas”.
Dias depois, surgiram hematomas que evoluíram para feridas com secreção e necrose, obrigando a paciente a ser internada duas vezes no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Antes da internação, ela tentou contato com Lorena, mas não obteve resposta. Depois, soube que a biomédica havia sido presa.
Laudos médicos anexados ao processo confirmaram incapacidade para o trabalho por mais de 30 dias e deformidade permanente nos glúteos. A paciente, que trabalhava como nail designer em Nova Serrana, relatou que precisou fechar o negócio e ainda enfrenta dificuldades emocionais e físicas por causa das sequelas.
Decisão judicial e defesa
Na sentença, o juiz destacou que Lorena agiu com dolo eventual, assumindo o risco de causar danos graves ao realizar um procedimento invasivo sem habilitação legal.
A Justiça também reconheceu duas agravantes: motivo torpe, por agir visando lucro financeiro, e traição, por induzir a paciente a acreditar que se tratava de um procedimento simples e não invasivo.
Além da pena de prisão, Lorena foi condenada ao pagamento de multa e terá os direitos políticos suspensos enquanto durar a pena.
A defesa alegou que o procedimento não era cirúrgico e pediu a desclassificação do crime para lesão culposa, mas os argumentos foram rejeitados.
Histórico de Lorena Marcondes
O nome de Lorena Marcondes passou a ser conhecido após a morte da paciente Íris Martins, em maio de 2023, durante uma lipoaspiração realizada em sua clínica em Divinópolis. A tragédia levou à interdição do local pela Vigilância Sanitária e à prisão preventiva da biomédica.
Desde então, ela passou a ser investigada por outros procedimentos estéticos realizados sem autorização legal.
Em fevereiro de 2025, Lorena foi condenada por deformar a boca de um modelo durante um preenchimento labial. Um mês depois, recebeu nova sentença por erro em um procedimento de harmonização facial, com indenização de R$ 565 mil à paciente.
Modelo fala das complicações após procedimento feito por Lorena Marcondes
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