Apple acelerou a produção e fretou voos para transportar 600 toneladas de iPhones – cerca de 1,5 milhão de aparelhos – para garantir estoque no mercado norte-americano antes da entrada em vigor do tarifaço de Donald Trump. Para escapar de ‘tarifaço’, Apple encheu seis aviões com Iphones feitos na Índia
Os principais fornecedores da Apple na Índia, Foxconn e Tata, enviaram quase US$ 2 bilhões em iPhones para os Estados Unidos em março, atingindo um recorde histórico, em meio à estratégia da empresa de contornar as tarifas de importação anunciadas pelo presidente Donald Trump.
A Apple ampliou a produção na Índia e fretou voos de carga para transportar 600 toneladas de iPhones para os EUA para garantir estoque em um de seus maiores mercados antes da entrada em vigor do tarifaço.
Pelo menos seis cargueiros foram usados na operação. O peso embalado de um iPhone 14 e seu cabo de carregamento é de cerca de 350 gramas, segundo medições da Reuters, totalizando cerca de 1,5 milhão de iPhones para uma carga total de 600 toneladas.
✈️ DRIBLE NO TARIFAÇO: Apple lotou 6 aviões para levar 1,5 milhão de iPhones aos EUA
iPhones e tarifaço de Trump: foto mostra loja da Apple em Washington, DC, em 8 de abril de 2025
Roberto Schimidt/AFP
Em março, a Foxconn, principal fornecedora da Apple na Índia, exportou smartphones no valor de US$ 1,31 bilhão, o maior valor já registrado em um único mês e igual ao total combinado de janeiro e fevereiro, de acordo com dados alfandegários analisados pela Reuters.
O envio incluiu os modelos Apple iPhone 13, 14, 16 e 16e, e elevou o total de exportações da Foxconn da Índia para os EUA, em 2025, para US$ 5,3 bilhões.
As exportações da Tata Electronics somaram US$ 612 milhões em março, cerca de 63% a mais que no mês anterior, e incluíram os modelos iPhone 15 e 16.
Questionadas pela Reuters, Apple, Foxconn e Tata não se posicionaram sobre o assunto.
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Reação ao tarifaço
Os dados da alfândega mostram que todas as remessas da Foxconn para os EUA, em março, partiram do terminal Chennai Air Cargo e aterrissaram em vários locais, incluindo Los Angeles, Nova York e Chicago, que recebeu a maior parte da carga.
Segundo uma das fontes próximas da estratégia logística da Apple, ouvida pela Reuters, a empresa queria “driblar a tarifa” de Trump ao despachar os iPhones da Índia para os EUA de avião.
A empresa também teria feito lobby com as autoridades aeroportuárias indianas para agilizar o processo alfandegário no aeroporto de Chennai. O objetivo era reduzir o tempo de 30 horas para seis.
No início de abril, o governo dos EUA impôs tarifas de 26% sobre as importações da Índia. Dias depois, Trump suspendeu por 90 dias o programa de tarifas recíprocas e reduziu para 10% as taxas de importação contra países, com exceção da China.
No último sábado (12), Trump excluiu celulares, computadores e outros eletrônicos do programa de ‘tarifas recíprocas’, mas o governo americano disse, um dia depois, que os itens entrariam em uma nova categoria de tarifas, mantendo o cenário de incerteza sobre as taxas.