Criada em 1991, a micareta marcou gerações e guarda lembranças de milhares de foliões. Juiz de Direito esteve em todas as edições. Criado em 1991, o Carnatal se consolidou como um dos maiores e mais aguardados carnavais fora de época do Brasil. O evento faz parte da história de muitos natalenses. Nos blocos, nas arquibancadas, nos camarotes e na “pipoca”, a micareta marcou gerações e, de 6 a 8 de dezembro, vai mais uma vez transformar a cidade com uma mistura de cores, ritmos e alegria.
“O Carnatal está para Natal, para o Rio Grande do Norte, para nós todos, como o Rock in Rio está para o Rio de Janeiro, como o carnaval está para Salvador, como as escolas de samba do Rio diferenciam o carnaval do Rio de Janeiro”, ressaltou Felinto Filho, diretor da Clap Entretenimento e do Carnatal durante lançamento de documentário que mostra bastidores do evento.
“Poucas coisas duram 33 anos e o Carnatal conquistou e conseguiu”, reforçou.
Folião de carteirinha, Cláudio Porpino viu o Carnatal nascer e crescer. “Em 1991, fui convidado para ajudar a construir um evento que antecipava o verão da nossa cidade Natal. Fui chamado pra montar um bloco e tenho muito orgulho de ter participado da formação desde o primeiro Carnatal. O Carnatal abriu as portas de Natal pro Brasil inteiro”, conta.
Porpino e os sócios criaram e colocaram na avenida o bloco Caju com Sal. “Foi o pioneiro. A banda Cheiro de Amor explodiu na época. Era a maior atração da música baiana, com a cantora Márcia Freire, e teve por diversos anos o protagonismo dos blocos de Carnatal. Isso foi passando de geração em geração de natalenses, que depois se casaram, que hoje já viraram avós, e formando milhares de foliões que curtiam o axé music”, lembra.
O mais assíduo
Paulo Maia e Nádia Confessor estão juntos desde o Carnatal de 1993
Arquivo pessoal
O juiz de direito Paulo Luciano Maia Marques também tem muitas histórias para contar. “Falar do Carnatal é falar da minha vida inteira. Eu pulei todos os ‘Carnatais’ que existiram até hoje. O ano que não teve eu inventei o Carnatal aqui em casa”.
“Eu só não pulei um dia de Carnatal desde que foi criado. Foi o dia em que minha filha mais nova estava internada, nada muito grave, e no outro dia ela teve alta. Foi na quinta-feira do Carnatal de 2019. Talvez eu seja o folião mais assíduo de todo o Carnatal”.
Ele conta que, com 12 anos de idade, morava no percurso que ainda era nos bairros de Tirol e Petrópolis e ia descalço atrás dos blocos, como era acostumado no carnaval de Pirangi. “Eu não tinha idade ainda para entrar nos blocos, mas me lembro bem do Enxame de Gente e Jerimum Pool”.
Paulo começou a namorar a atual esposa, a advogada Nádia Confessor, em 1993, primeiro ano em que os dois compraram abadá para sair em bloco.
Eles casaram em 2003. “No meu casamento, todos os convidados receberam abadás. A minha mulher entrou na festa com a música ‘Dança da Manivela’, rodando o buquê”.
Em 2014, Nádia chegou a participar do Carnatal com o “barrigão” de nove meses de gravidez da filha Gabriela, que tem o nome inspirado em uma música de Durval Lelys. Gabriela nasceu três dias após a micareta.
Hoje com 46 anos, Paulo é conhecido pela imensa coleção de abadás. “Todos os meus aniversários, todos os meus eventos de comemoração, envolvem Carnatal e coisas alusivas ao carnaval, ao axé music”.
“Eu tenho também a minha prévia, que há mais de 20 anos a gente contrata bandas para fazer o aquecimento na minha casa e depois sai para o bloco. Em 2020, ano que não teve Carnatal por causa da pandemia, Durval Lelys participou de uma live comigo e a gente fez a prévia também”, concluiu.
Linha do tempo
Arena das Dunas é palco do Carnatal desde 2014
Megalume
1991 – A primeira edição reuniu apenas três blocos e teve como atrações Cheiro de Amor, Banda Beijo e Banda Mel. A festa foi realizada nos bairros do Tirol e Petrópolis, com Corredor da Folia na Praça Cívica.
1994 – O evento cresceu e o circuito foi levado para o largo do antigo estádio Machadão, em Lagoa Nova. O número de blocos – entre oficiais, alternativos e infantis – e de artistas envolvidos também aumentou, além de toda a estrutura de camarotes.
2011 – Com a demolição do antigo estádio Machadão, o percurso sofreu alteração em 2011, mas seguiu no bairro de Lagoa Nova, com avenidas lotadas.
2012 – Apesar do início das obras da Arena das Dunas, construída para receber os jogos da Copa do Mundo, o Carnatal se manteve com a mesma estrutura do ano anterior.
2013 – A micareta precisou ser realizada em Parnamirim, na Grande Natal. A mudança ocorreu justamente por conta de obras de mobilidade no entorno da Arena das Dunas. Com cinco blocos, o Carnatal teve uma versão indoor no Parque Aristófanes Fernandes.
2014 – A festa retornou a Natal e ao bairro de Lagoa Nova, agora no largo da Arena das Dunas, com percurso fechado de 3 km de extensão.
2020 – O Carnatal não foi realizado por conta da pandemia de Covid-19.
2021 – O Carnatal completou 30 anos e foi retomado atendendo a protocolos sanitários. O acesso dos foliões foi mediante apresentação do Certificado Nacional de Vacinação contra a Covid-19
2022 – Há uma mudança na sociedade dos promotores do evento e os shows do camarote temático passaram a ser realizados no gramado da Arena das Dunas.