Em depoimento, testemunhas contaram que carro tinha seis ocupantes
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apura contradições na investigação do acidente que matou dois policiais militares em formação no Setor de Clubes Sul, em Brasília, em maio deste ano.
A TV Globo teve acesso a um ofício da 1ª Delegacia de Polícia, de 7 de maio, no qual o delegado Antonio Dimitrov afirma que o carro foi removido pelo Detran-DF na noite do acidente, mas, cinco dias depois, já não foi localizado quando se tentou fazer uma perícia complementar (saiba mais abaixo).
Além disso, vídeos de depoimentos indicam que havia seis pessoas no carro — uma a mais do que o informado inicialmente no boletim de ocorrência.
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Testemunhas também relataram confusão entre policiais no local e interferência de militares na cena do acidente.
Delegado diz que carro foi retido pela PM
Delegado diz que resposta causou ‘absoluta estranheza’ em ofício
TV Globo/Reprodução
O ofício da 1ª Delegacia de Polícia mostra que o carro foi removido pelo Detran-DF na noite do acidente, mas, cinco dias depois, já não foi localizado quando se tentou fazer uma perícia complementar e acionou a PM.
Segundo o delegado, ao entrar em contato com a mãe da motorista, ela disse que havia sido orientada a informar que qualquer questionamento sobre o caso deveria ser encaminhado ao Comando da Polícia Militar.
Para o delegado, a resposta causou “absoluta estranheza”, já que se trata de um acidente de trânsito com vítimas fatais e a investigação está sob responsabilidade da Polícia Civil.
Após pedido formal, o veículo foi encaminhado para a perícia.
Policiais militares Lucas Souza Diniz Adorni e Rafael Basílio Arnold dos Santos morreram em acidente de carro no DF
Reprodução
Sexto ocupante diz que deixou o local antes do socorro
Em 2 de maio, o carro dos policiais bateu em uma árvore em frente ao Clube do Exército, por volta das 23h40. Os ocupantes tinham acabado de sair de uma festa organizada por alunos do curso de formação de praças da Polícia Militar.
Lucas Souza Diniz Adorni, de 28 anos, morreu no local.
Rafael Basílio Arnold dos Santos, de 31 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu.
Duas mulheres ficaram gravemente feridas e um outro homem sofreu apenas escoriações.
Segundo o boletim de ocorrência, essas eram as cinco pessoas estavam no veículo. No entanto, depoimentos colhidos dias depois mostram que na verdade eram seis ocupantes (veja vídeo acima).
No entanto, durante a investigação, o policial em formação Jonas Lima Jorge, contou à Polícia Civil que também estava no carro.
O homem deixou o local antes da chegada do socorro. Segundo o depoimento, ele pegou um carro de aplicativo e foi para casa.
Jonas contou ainda que dois policiais militares o procuraram depois e o levaram ao hospital. Questionado sobre o consumo de bebida alcoólica, disse que o grupo havia bebido, mas afirmou acreditar que a motorista não tinha ingerido álcool.
Outro ocupante do carro, Gustavo Paulino, também disse que a condutora não havia bebido. Ele afirmou que não se lembra de brincadeiras ou comportamentos fora do normal antes da batida e relatou que, poucos segundos antes do impacto, o veículo subiu no meio-fio e ele apagou.
Testemunhas relatam ‘algazarra’ e mudança na cena
Testemunhas relatam “algazarra” e mudança na cena do acidente.
A versão de testemunhas ouvidas pela Polícia Civil é diferente. Um motorista de aplicativo que estava no local contou que viu o grupo saindo do estacionamento fazendo “algazarra” e com parte dos corpos para fora do carro, simulando ações policiais (veja o vídeo acima).
Segundo ele, o grupo gritava “rasga” e o carro acelerou duas vezes antes de colidir com a árvore.
Essa testemunha disse ainda que, após o acidente, houve confusão entre formandos da PM. Alguns deles teriam tomado celulares de quem filmava e iniciado brigas entre si.
Segundo o relato, um sargento recolheu copos de bebida que estavam no chão e dentro do veículo. Outro motorista ouvido pela polícia confirmou a retirada dos copos e disse que isso ocorreu entre cinco e dez minutos depois da batida.
A motorista do carro não passou pelo teste do bafômetro, pois, de acordo com a PMDF, estava inconsciente e em estado grave.
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