Engenheiro agrônomo aponta problemas envolvendo manejo e prevenção pelas ruas da cidade. AEAARP tem projeto para reflorestar bairros com espécies adequadas à área urbana. Em Ribeirão Preto, 427 árvores já caíram neste ano por falta de manutenção
O Corpo de Bombeiros em Ribeirão Preto (SP) foi acionado 427 vezes desde janeiro deste ano para atender ocorrências envolvendo quedas de árvores.
O caso mais recente mostrado pela EPTV, afiliada da TV Globo, aconteceu nesta quinta-feira (5). Uma árvore de grande porte caiu e interditou um trecho da Avenida Maurílio Biagi, uma das mais movimentadas da cidade, em direção ao estádio Santa Cruz.
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Árvores doentes ou com outros tipos de problemas estão por todos os lados e elas têm uma chance maior de cair, principalmente nesta época do ano, quando as chuvas se intensificam.
O solo fica encharcado, os galhos e as folhas pesados, porque absorvem mais água, e pode haver ocorrência de ventos com os temporais.
Árvore caiu na Avenida Maurílio Biagi em Ribeirão Preto, SP, e bloqueou o trânsito
Reprodução/EPTV
Manejo inadequado
De acordo com o engenheiro agrônomo José Walter Figueiredo da Silva, a falta de medidas preventivas e até mesmo de manejo adequado com as árvores é o motivo das quedas.
“Depois que essa árvore é plantada, ela tem que sofrer um processo de adaptação, que é uma poda que vai ficar durante 20 anos na vida dela. É um galho que está indo para a parede, é um galho que nasceu errado. Você tem que estar ajustando a árvore ao local. Depois é feita uma poda de higienização, limpeza. A prefeitura faz limpeza. Depois que o erro está feito, você vai fazer uma adaptação e tira um galho enorme, mas não pode. Esse galho deveria ter sido retirado novinho, quando ele não vai machucar a árvore.”
A reportagem da EPTV percorreu algumas ruas do Jardim São Luiz, na zona Sul, e encontrou uma sibipiruna aparentemente saudável. Mas o engenheiro agrônomo lista pontos de que a árvore está condenada. As raízes quebraram o cimento na calçada e estão parcialmente expostas.
“Ela está a caminho da queda. Não foi dado para essa árvore o espaço ideal para ela poder viver. É a história do sapato. Que número você calça? 40. Você vai comprar sapato 35? Compraram para ela um 35. Além disso, temos uma figueira mata-pau, ela é hospedeira e estrangula a árvore, ela quebra. Ela vai matar essa sibipiruna”, afirma Silva.
Magnólia condenada em rua do Jardim São Luiz em Ribeirão Preto, SP
Carlos Trinca/EPTV
Em outra rua do bairro, a reportagem encontrou várias magnólias condenadas.
Fungos e bactérias estão consumindo a matéria orgânica, o que leva a uma deterioração dos troncos e dos galhos.
“Essas árvores têm que ser retiradas imediatamente. São árvores maravilhosas que foram depauperadas a vida toda, judiadas, e agora precisam ser substituídas. Com vento forte, elas caem, estão doentes, cheias de buracos.”
Carro ficou destruído por árvore que caiu no Clube dos Comerciários, em Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
Futuro e cuidado
Para evitar problemas como esses no futuro, é preciso planejar a arborização. No início de 2025, o projeto ribeirão floresta, da associação de engenharia, arquitetura e agronomia (AEAARP), deve plantar 140 árvores de espécies recomendadas para a área urbana.
A Prefeitura de Ribeirão Preto disse que segue a lei para extrair as árvores e que podas acompanham a necessidade de cada espécie. Segundo a administração, todas as árvores da Avenida Francisco Junqueira foram podadas entre julho e agosto deste ano.
Por mês, são feitas cerca de 3,5 mil podas na cidade, de acordo com a prefeitura.
Vistorias podem ser solicitadas pelo telefone 156.
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