Em 2010, grupo respondia por 43,3% dos nascidos na metrópole. Dados do Censo 2022, divulgados nesta sexta (27), consideram nascimentos nos últimos 12 meses antes da realização da pesquisa. Cresce número de mães acima dos 30 anos em Campinas; grupo responde por 53% dos nascimentos.
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As mulheres acima de 30 anos de idade são responsáveis por 53,7% dos nascimentos em Campinas (SP), segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (27).
Em 2010, o grupo respondia por 43,3% dos nascidos na metrópole. Os dados consideram os nascimentos nos últimos 12 meses antes da realização dos Censos.
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A professora do Departamento de Demografia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Joice Melo Vieira, explica que o fenômeno, associado à redução no número de filhos, é acentuado na metrópole e reflete a participação na força de trabalho e maior nível de escolaridade.
Adiamento da maternidade
Dados do Censo 2022 apontam que as mulheres com mais de 30 anos respondem por mais da metade, 53,7%, dos nascimentos em Campinas. Em 2010, a porcentagem era de 43,3%.
Houve redução na quantidade de filhos cujas mães têm menos de 30 anos. A diminuição foi maior na faixa etária de 20 a 24 anos. Em 2020, essas mães correspondiam a 2.927 nascimentos, número que caiu para 1918 em 2022, uma queda de 34,5%.
O número de nascimentos teve uma queda expressiva na metrópole. Em 2010, o número de nascimentos era de 12,9 mil, caindo para 10,8 mil em 2022, uma redução de 16,3%.
“A tendência geral é de queda do número de nascimentos em todo o país, bem como as mulheres terem filhos cada vez mais tarde. O estado de São Paulo e Campinas, em particular, não fogem a essa tendência. Pelo contrário, ela é até mais acentuada quando se observa esse recorte geográfico”, explica Vieira.
Segundo a pesquisadora, os fenômenos de adiamento da maternidade e de redução do número de filhos começam em áreas urbanas e mais desenvolvidas do ponto de vista econômico. Isso reflete a maior participação feminina na força de trabalho e o maior nível de escolaridade nessas áreas.
Vieira destaca a intensificação desses processos. “Isso impacta diretamente o tamanho das famílias e redes de suporte das pessoas no curto e médio prazo, para além das questões de reposição populacional no médio e longo prazo”, diz.
“O mais recomendado seria repensar a forma como nos organizamos para lidar com um cenário em que pessoas mais velhas, e não raro sozinhas, terão uma representatividade cada vez maior na sociedade. Um sistema de suporte e cuidado que sempre se fundamentou quase que exclusivamente na família, como é o caso do Brasil, fica bastante pressionado nesse cenário”, avalia.
Para Vieira, outro fator que pode explicar os fenômenos é o pessimismo em relação ao futuro. “Temos que cuidar melhor de quem já está aqui e nos prepararmos para um cenário que terá cada vez mais idosos sem rede familiar e sendo possível que populações diminuam de tamanho”, afirma.
Isso impacta a lógica como se pensa a própria economia, diz a pesquisadora. “Questões de sustentabilidade, não só ecológica mas também social, ganham maior importância nesse cenário”, comenta Vieira.
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