
Dólar inverte e passa a cair, com temor de recessão nos EUA no radar; Ibovespa recua
Na sexta-feira (7), a moeda norte-americana avançou 0,57%, cotada a R$ 5,7901. O principal índice da bolsa de valores subiu 1,36%, aos 125.035 pontos. Dólar
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O dólar inverteu o sinal e passou a operar em queda nesta segunda-feira (10), conforme repercutiam nos mercados globais os temores de que uma recessão nos Estados Unidos possa vir à frente, em meio às tarifas intermitentes do presidente do país, Donald Trump. (Entenda mais abaixo)
Em entrevista à Fox News no domingo (9), o republicano afirmou que não descarta uma recessão e um aumento de preços durante o “período transitório” de suas políticas tarifárias. “Isso leva um pouco de tempo”, afirmou.
Além disso, investidores também monitoram a divulgação de uma série de importantes indicadores econômicos do Brasil. Além de informações sobre a produção industrial e o setor de serviços de janeiro, os dados de inflação de fevereiro também devem ser conhecidos ao longo desta semana.
O relatório “Focus”, divulgado nesta segunda-feira (10) pelo Banco Central do Brasil (BC), elevou a estimativa de inflação para este ano de 5,65% para 5,68%. Com isso, a expectativa para 2025 está acima e cada vez mais distante do teto da meta, que é de 4,5%.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, operava em queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
Dólar
Às 11h32, o dólar operava em queda de 0,20%, cotado em R$ 5,7784. Veja mais cotações.
Na sexta-feira (7), a moeda americana teve alta de 0,57%, cotada a R$ 5,7901.
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Ibovespa
No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,93%, aos 123.878 pontos.
Na sexta-feira (7), o índice teve alta de 1,36%, aos 125.035 pontos.
O que está mexendo com os mercados?
A política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuava a impactar os mercados nesta segunda-feira (10).
O destaque ficava com a entrevista cedida pelo republicano à Fox News no domingo (9). Trump disse que não descartava uma recessão e um aumento de preços no “período transitório” (de implementação) de suas medidas, e minimizou as preocupações das empresas com a falta de clareza de suas políticas tarifárias.
O presidente norte-americano tem constantemente ameaçado os principais parceiros comerciais do país com a implementação de tarifas de importação, mas também tem recuado de suas medidas com certa frequência.
Na última semana, por exemplo, Trump voltou a isentar as tarifas de 25% anunciadas sobre as importações do Canadá e do México durante um mês. A decisão veio após os dois países prometerem uma série de retaliações aos EUA pelas taxas impostas.
Antes, o republicano já havia adiado as tarifas, após ter feito um acordo com os dois países para que reforçassem a segurança de suas fronteiras.
O vai e vem das tarifas de Trump tem aumentado as incertezas comerciais, com dúvidas sobre quais tarifas prometidas realmente entrarão em vigor e temores de que uma nova guerra comercial afete a inflação e o crescimento dos EUA e de vários outros países pelo mundo.
Nesta segunda-feira (10), por exemplo, o chefe de comércio da União Europeia (UE), Maros Sefcovic, afirmou que viajou a Washington no mês passado com o objetivo de iniciar um diálogo e evitar “sofrimento desnecessário de medidas e contramedidas”.
Ele destacou, no entanto, que apesar de os dois lados terem identificado algumas áreas de benefícios mútuos a serem buscadas, o governo Trump não parece interessado em negociações para evitar um conflito comercial com o bloco europeu.
“No final, uma mão não pode bater palmas sozinha. O governo dos EUA não parece estar se empenhando em fazer um acordo”, afirmou Sefcovic.
Com isso, fica no radar o indicador de expectativas de inflação do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Nova York, que será importante para avaliar se os aumentos tarifários de Trump já afetaram os números.
Ainda no exterior, dados de inflação ao consumidor na China ficam no radar. Os indicadores foram divulgados no final de semana e vieram abaixo do esperado, apontando para uma tendência deflacionária persistente no país.
Já no Brasil, uma série de indicadores econômicos deve ser divulgada nos próximos dias, com destaque para a produção industrial e o setor de serviços de janeiro, além dos dados de inflação de fevereiro.
O cenário político também fica no radar, após o vice-presidente Geraldo Alckmin anunciar, na última semana, novas medidas para tentar baratear o preço dos alimentos. Entre as propostas, estão: zerar a tarifa de importação para alguns alimentos, como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva.
Os anúncios geraram um clima de certa aversão ao risco no mercado de câmbio brasileiro, ao levantar dúvidas sobre os impactos fiscais das medidas.
“(Há) risco fiscal no radar. Sobre isso, eu destacaria gastos do governo na tentativa de segurar a inflação de alimentos e demais despesas que podem impactar as contas públicas”, disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Um levantamento feito pelo economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto, indica que a isenção na importação de alimentos anunciada pelo governo poderá resultar em uma queda de R$ 1 bilhão por ano na arrecadação.
“O total da arrecadação perdida nesse exercício de 2025 dependerá do início da vigência da medida, além de considerações de sazonalidade”, ponderou o economista.
Na sexta-feira, o presidente Lula abordou o tema e afirmou que não descarta uma medida mais drástica para conter o preço dos alimentos.
“Eu agora estou preocupado com o preço dos alimentos. Estou muito preocupado”, mencionou Lula. “Estamos fazendo muito. Ontem [quinta] foi feito uma reunião no Palácio com muitos ministros, muitos empresários, já tomamos algumas medidas.”
*Com informações da agência de notícias Reuters