Na segunda-feira, a moeda norte-americana fechou em alta de 0,52%, cotada a R$ 5,6751. Já a bolsa encerrou com um avanço de 0,23%, aos 138.136 pontos. Notas de dólar
Murad Sezer/ Reuters
O dólar opera em queda de 0,37% nesta terça-feira (27), cotado a R$ 5,6541 às 12h. Já o Ibovespa opera em alta de 1,34%, aos 139.981 pontos. Na máxima do dia, voltou a ultrapassar os 140 mil pontos.
▶️ O grande destaque para o mercado hoje no Brasil é a divulgação do IPCA-15, a prévia da inflação oficial do país. O resultado — um avanço de 0,36% nos preços — veio melhor do que o mercado projetava (0,44%).
▶️ Por outro lado, os investidores acompanham com atenção as pressões do Congresso Nacional para suspender o aumento do IOF, enquanto seguem à espera de informações sobre como o governo vai compensar o recuo na parte de investimentos no exterior.
▶️ No ambiente externo, o mercado ainda reage ao ao adiamento das tarifas de 50% contra a União Europeia, que haviam sido anunciadas na sexta (23) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O país não teve pregão na segunda por conta do feriado de Memorial Day.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,52%;
Acumulado do mês: -0,03%;
Acumulado do ano: -8,17%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,23%;
Acumulado do mês: +2,27%;
Acumulado do ano: +14,84%.
Haddad sobre medidas econômicas do governo: ‘Na direção correta’
IPCA-15
Os investidores acompanham de perto indicadores econômicos como o IPCA-15 para tentar antecipar as decisões do Banco Central (BC) sobre os juros no país, que afetam o valor das ações, dos títulos públicos, do dólar e de outros investimentos.
Atualmente, a taxa básica de juros do Brasil, conhecida como Selic, está em 14,75%, o maior patamar em quase 20 anos. A lógica do BC é aumentar os juros para desestimular o consumo e, assim, controlar a inflação.
Por isso, o resultado do IPCA-15 divulgado hoje pelo IBGE, com a prévia da inflação mais baixa do que as expectativas, é um bom sinal para o mercado.
“A gente acha que isso não deve ter grandes implicações para o Banco Central, mas o ajuda no curto prazo, obviamente, com uma inflação mais comportada, e a ter mais conforto para o encerramento do ciclo [da alta de juros]”, explica Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval.
Outros destaques da agenda econômica desta semana são:
Quinta-feira (29): taxa de desemprego (Pnad Contínua) e dados de emprego formal (Caged);
Sexta-feira (30): divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.
Pressões contra o aumento do IOF
Por outro lado, as pressões para barrar o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) implementado pelo governo na semana passada preocupam o mercado interno.
O Congresso Nacional já recebeu 20 propostas para suspender a medida, que prevê arrecadar R$ 20,5 bilhões em 2025, ajudando a cumprir a meta de zerar o déficit fiscal.
Apesar de, à primeira vista, a decisão parecer positiva para os investidores, como um sinal de que o governo está preocupado em equilibrar as contas públicas, o aumento do IOF gerou críticas por parecer uma tentativa de arrecadar mais, e não de cortar gastos, segundo analistas.
Além disso, a alta do imposto para aplicações de fundos no exterior levantou temores de controle de capitais, levando o governo a recuar poucas horas depois sobre esse ponto específico da medida — e a abrir mão de parte da arrecadação.
Na sexta (23), o ministro Fernando Haddad minimizou o impacto da decisão, mas admitiu que o recuo pode exigir um bloqueio maior no orçamento, inicialmente de R$ 31,3 bilhões.
Nesta segunda (26), Haddad afirmou que o governo ainda avalia como compensar a renúncia: “Temos até o fim da semana para decidir se será com mais contingenciamento ou com alguma substituição”, disse.
Alívio nas tarifas de Trump
No ambiente externo, os investidores seguem atentos à possibilidade de acordos entre os Estados Unidos e os países submetidos ao tarifaço de Donald Trump, em especial às negociações com a União Europeia.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre produtos importados pelos EUA pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global. Assim, a leitura costuma ser positiva sobre alívios nas tarifas.
Na sexta-feira (23), Trump declarou que recomendaria a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de junho, o que resultaria em impostos elevados sobre itens de luxo, medicamentos e outros bens fabricados por empresas europeias.
No domingo, no entanto, o presidente dos EUA concordou em adiar a medida para o dia 9 de julho, o que trouxe alívio para os investidores.
Nesta terça-feira, Trump reforçou esse sentimento ao dizer que a UE procurou os EUA para definir rapidamente as datas das reuniões sobre os acordos.
“Este é um evento positivo, e espero que eles, finalmente, assim como eu exijo à China, abram as nações europeias para o comércio com os Estados Unidos da América. Ambos ficarão muito felizes e bem-sucedidos se o fizerem”, escreveu nas redes sociais.
A UE enfrenta tarifas de importação de 25% dos EUA sobre seu aço, alumínio e carros e as chamadas tarifas “recíprocas” de 10% para quase todos os outros produtos. Entre os afetados estão os veículos de marcas alemãs, como BMWs e Porsches, até azeite de oliva italiano e bolsas de luxo francesas.