A moeda norte-americana avançou 0,23%, cotada a R$ 5,4982. Já a bolsa de valores encerrou em queda de 0,30%, aos 138.840 pontos. Notas de dólar
Dado Ruvic/ Reuters
O dólar inverteu o sinal negativo visto pela manhã e fechou em alta nesta terça-feira (17). A moeda subiu 0,23% e encerrou cotada em R$ 5,4982, após ter fechado abaixo dos R$ 5,50 pela primeira vez em oito meses na véspera. O Ibovespa encerrou em queda de 0,30%, aos 138.840 pontos.
▶️ Os investidores seguiram atentos à escalada do conflito entre Israel e Irã, que entrou em seu quinto dia nesta terça-feira. Líderes do G7, reunidos no Canadá, emitiram uma declaração conjunta pedindo uma “desescalada” das tensões, mas alegaram que Israel tem o direito de se defender.
O mercado também considera os impactos indiretos da guerra, em meio a preocupações com uma possível interrupção no fornecimento do petróleo. Nesta terça-feira, por exemplo, a commodity subiu mais de 3% — mesmo após o Irã ter afirmado que suas instalações permanecem intactas até o momento. Na semana passada, os preços do petróleo já haviam subido mais de 8%.
▶️ Além do conflito, a chamada “Superquarta” também continua no radar do mercado. O termo se refere ao dia em que o Banco Central do Brasil (BC) e o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciam suas decisões sobre as taxas de juros. Espera-se que ambos mantenham as taxas. (leia mais abaixo)
▶️ Por fim, no ambiente interno, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de urgência para analisar o projeto que visa derrubar o decreto do governo federal sobre o aumento do IOF. A crise entre o governo e o Congresso tem reflexos no futuro das contas públicas do país.
Entenda abaixo como esses fatores impactam o mercado.
Petróleo chega a subir mais de 14% mas cotação perde força ao longo do pregão
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -0,80%;
Acumulado do mês: -3,84%;
Acumulado do ano: -11,03%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,58%;
Acumulado da semana: +1,19%
Acumulado do mês: +1,32%;
Acumulado do ano: +15,43%.
Israel X Irã
O mais grave confronto direto entre Irã e Israel continua a se intensificar e chegou ao quinto dia nesta terça-feira (17). A escalada do conflito preocupa líderes mundiais e aumenta a tensão entre as potências do Oriente Médio.
Israel lançou a “Operação Leão Ascendente” com um ataque surpresa na sexta-feira (13), matando parte da cúpula militar iraniana e danificando instalações nucleares. O Irã respondeu com mísseis que atingiram áreas residenciais e instalações de petróleo em Israel.
▶️ Para os mercados, o conflito desencadeou um sentimento de aversão ao risco, levando os investidores a buscar refúgio em ativos seguros, como o dólar e o ouro, em um primeiro momento.
Além disso, os preços do petróleo dispararam por causa da preocupação sobre a interrupção do fornecimento do produto.
Nesta terça-feira, a commodity avançou mais de 4% no mercado internacional, respaldada também por um relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). De acordo com a agência, a demanda mundial por petróleo alcançará seu nível máximo no final desta década, e deve diminuir ligeiramente em 2030, para cerca de 105,5 milhões de barris por dia.
O principal receio é se os ataques vão afetar o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de um quinto do consumo total de petróleo do mundo. Mas o Irã afirmou que suas instalações não foram danificadas até o momento.
Na segunda-feira, os investidores ficaram mais calmos e se concentraram nas próximas decisões sobre juros no Brasil e nos EUA (leia mais abaixo). Ao final da sessão, os preços do petróleo no mercado internacional, por exemplo, fecharam em queda.
Satélite mostra instalações nucleares de Natanz, no Irã, antes e depois dos ataques
‘Superquarta’
A próxima quarta-feira (18) é uma “Superquarta”, quando coincidem as reuniões que definem as taxas de juros dos Estados Unidos e do Brasil.
▶️ BRASIL: Por aqui, a maior parte do mercado, segundo pesquisa conduzida pelo Banco Central na semana passada com mais de 130 instituições financeiras, acredita que o cenário já possibilita uma interrupção do ciclo de alta dos juros — que vigora desde setembro do ano passado.
“O Copom deve encerrar o ciclo de aperto monetário em junho, mantendo a Selic em 14,75% ao ano, mas sinalizando estabilidade da taxa por um período prolongado”, diz o Itaú, em comunicado.
Entretanto, há bancos que projetam um novo aumento na taxa básica da economia para 15% ao ano.
A taxa atual de 14,75% é a maior no Brasil em quase 20 anos. O BC tem dito que ela é necessária para desacelerar a economia brasileira e, assim, diminuir a inflação.
🔎 Juros mais altos desestimulam o consumo pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
▶️ ESTADOS UNIDOS: Nos EUA, a expectativa é que o Fed mantenha as taxas de juros inalteradas, na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. Os mercados ainda apostam em dois cortes até dezembro, com um primeiro movimento em setembro sendo visto como o mais provável.
“O fundamental é quanta flexibilidade o Fed acredita ter. Ficamos positivamente surpresos por ainda não termos visto repasse inflacionário das tarifas”, disse Ben Laidler, chefe de estratégia de ações do Bradesco BBI, à Reuters.
Na semana passada, os investidores repercutiram o novo acordo tarifário entre EUA e China. Eles têm acompanhado de perto a situação preocupados com a possibilidade de uma guerra comercial caótica prejudicar os lucros corporativos.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
Crise do IOF
A Câmara dos Deputados aprovou nesta segunda-feira (16) um requerimento de urgência para um projeto que suspende os efeitos do decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), editado pelo governo Lula.
A urgência permite que a proposta seja votada diretamente no plenário, sem passar pelas comissões temáticas da Casa. O mérito da proposta, no entanto, ainda não tem data para ser analisado.
Analistas do mercado financeiro avaliam que o governo deveria focar em discutir a eficiência dos gastos públicos e em promover reformas estruturais, em vez de apenas propor novas formas de arrecadação.