A moeda norte-americana avançou 0,89%, cotada a R$ 5,6951. Já a bolsa fechou em queda de 0,47%, aos 138.888 pontos. Notas de dólar
Cris Faga/Dragonfly/Estadão Conteúdo
O dólar fechou em alta de 0,89% nesta quinta-feira (28), cotado a R$ 5,6951. Na máxima do dia, a moeda alcançou os R$ 5,7172. Já o Ibovespa encerrou em queda de 0,47%, aos 138.888 pontos.
Na sessão, as atenções dos investidores ficaram voltadas para os sinais de que o governo vai recuar sobre o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Além disso, o mercado também monitorou a divulgação de novos dados de emprego no Brasil e da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
No noticiário corporativo, as atenções ficam com a Azul, que entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos e teve seus papéis excluídos dos índices da B3(leia mais abaixo). As ações da companhia fecharam em queda de 2,80%.
▶️ No Brasil, as atenções ficaram voltadas para a nova sinalização do governo de que vai se “debruçar sobre alternativas” que possam substituir o aumento do IOF. A pasta virou alvo de pressão do setor produtivo e financeiro, que buscavam revogar a alta do imposto, além de ter recebido uma série de reclamações da base aliada.
▶️ Além disso, o mercado também repercutiu os novos dados do Caged, que indicaram a criação de 257,5 mil empregos formais em abril deste ano, de acordo com o Ministério do Trabalho.
▶️ No exterior, o destaque ficou com a ata da reunião de maio do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA). O documento indicou que a instituição vê um possível aumento da inflação e do desemprego no país nos próximos meses. O Fed também sinalizou um aumento dos riscos de recessão.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: +0,87%;
Acumulado do mês: +0,32%;
Acumulado do ano: -7,84%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: +0,77%;
Acumulado do mês: +2,83%;
Acumulado do ano: +15,47%.
Diante de pressão para revogar alta do IOF, Fazenda admite que vai se ‘debruçar sobre alternativas’
Recuo no IOF
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, admitiu nesta quarta-feira (28) que a equipe econômica vai se “debruçar sobre alternativas” que possam substituir o aumento do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), que é um tributo federal cobrado pelo governo sobre uma série de operações que envolvem dinheiro.
A pasta havia anunciado um aumento do imposto na semana passada, junto ao anúncio de um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento deste ano. A ideia era que as medidas ajudassem o governo a cumprir com a meta fiscal.
A notícia, no entanto, foi mal recebida pelos setores produtivo e financeiro e pelo Congresso no geral, que chegou a ter quase 20 projetos para barrar o aumento do imposto. Diante da reação negativa, o governo voltou atrás e revogou parte da medida no mesmo dia.
As críticas, no entanto, continuaram. Nesta quarta-feira, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, chegou a afirmar que a avaliação do setor financeiro é que o equilíbrio das contas públicas “não deve vir de aumento de impostos, sobretudo regulatórios [como o IOF]”.
“Vamos nos debruçar sobre as alternativas. As alternativas estão colocadas na mesa, tanto pela Febraban quanto pela minha própria equipe no Ministério, para que a gente faça uma avaliação cuidadosa, séria, mas faça uma avaliação do que é melhor para o país neste momento”, afirmou Durigan, após reunião com Sidney e os dirigentes dos maiores bancos privados do país no Ministério da Fazenda.
Pedido de recuperação judicial da Azul
A Azul anunciou nesta quarta-feira (28) que acionou o Capítulo 11 da Lei de Falências norte-americana, ou “Chapter 11”, uma ferramenta semelhante ao processo de recuperação judicial no Brasil.
De acordo com a companhia, o processo nos Estados Unidos “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
O objetivo é eliminar mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11,28 bilhões) em dívidas, e a empresa vai seguir operando normalmente neste período, segundo a Azul.
Mesmo com o mercado já ciente do mau momento da companhia, o pedido de recuperação judicial gerou uma reação bastante negativa nesta quarta-feira. No pré-mercado, os papéis da empresa na bolsa americana chegaram a recuar 40%.
No Brasil, os papéis da companhia foram colocados em leilão durante o pregão desta quarta-feira e fecharam em queda de 2,80%.
🔎 O leilão é acionado quando há oscilações abruptas no preço das ações ou em momentos específicos. Ele serve para proteger o mercado de movimentos extremos e permitir que os investidores reajam com mais calma.
Há duas semanas, as ações da Azul despencaram por aqui e lideraram as perdas do Ibovespa, após a companhia reportar um prejuízo de R$ 1,82 bilhão no primeiro trimestre do ano, pior do que em 2024. No ano, a queda já acumula 70%.
Após o anúncio de recuperação judicial por parte da companhia aérea, a B3 informou que retirou os papéis da empresa de todos os seus índices, inclusive do Ibovespa. A decisão vem em linha com os termos do Manual de Definições e Procedimentos dos Índices da B3.
Por que as principais companhias aéreas do Brasil tiveram que pedir recuperação judicial?
Caged
Na agenda econômica, os investidores ficaram de olho na divulgação dos novos dados do Caged pelo Ministério do Trabalho e do Emprego.
Segundo a pasta, o país criou 257,5 mil empregos formais em abril deste ano, um aumento de 7,3% em comparação ao mesmo mês do ano passado e o maior resultado para o mês na série histórica do Novo Caged, que contabiliza os dados a partir de 2020.
Em relação aos 12 meses anteriores, o saldo de abril ficou atrás apenas do de fevereiro, que foi atipicamente elevado, com criação de 438.871 vagas. Já em abril de 2024, foram abertos 239.886 postos.
No acumulado do ano, o saldo positivo é de 922.362 postos de trabalho, o segundo resultado mais elevado da série histórica do Novo Caged, atrás apenas de 2024, com abertura de 965.818 vagas no mesmo período.
Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, a trajetória dos resultados deste ano indica que o saldo total de vagas de 2025 deve ficar “um pouquinho menor” do que o de 2024.
Outros destaques da agenda econômica desta semana são:
Quinta-feira (29): taxa de desemprego (Pnad Contínua);
Sexta-feira (30): divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre.
Recessão à vista?
Por fim, outro fator que ficou na mira dos investidores nesta quarta-feira foi a divulgação da ata da última reunião do Fed, que aconteceu no começo de maio.
Segundo o documento, a instituição reconheceu um possível aumento da inflação e desemprego no país nos próximos meses — quadro reforçado pela elevação dos riscos de recessão.
De acordo com a ata, a combinação de aumento da inflação e do desemprego em conjunto forçaria os membros do Fed a decidir se devem priorizar o combate à alta dos preços com um novo aumento de juros ou apoiar o crescimento e o emprego, com cortes nas taxas.
“Quase todos os participantes comentaram sobre o risco de a inflação se mostrar mais persistente do que o esperado”, à medida que a economia norte-americana tem se adaptado às tarifas mais altas propostas pelo governo do presidente Donald Trump.
Sobras as tarifas, os mercados ainda aguardam novos acordos entre os Estados Unidos e os países submetidos ao tarifaço de Donald Trump, em especial às negociações com a União Europeia.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre produtos importados pelos EUA pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar a uma desaceleração da maior economia do mundo ou até mesmo a uma recessão global. Assim, a leitura costuma ser positiva sobre alívios nas tarifas.
Na sexta-feira (23), Trump declarou que recomendaria a aplicação de uma tarifa de 50% sobre produtos da União Europeia a partir de junho, o que resultaria em impostos elevados sobre itens de luxo, medicamentos e outros bens fabricados por empresas europeias.
No domingo, no entanto, o presidente dos EUA concordou em adiar a medida para o dia 9 de julho, o que trouxe alívio para os investidores.
Nesta terça-feira, Trump reforçou esse sentimento ao dizer que a UE procurou os EUA para definir rapidamente as datas das reuniões sobre os acordos.
“Este é um evento positivo, e espero que eles, finalmente, assim como eu exijo à China, abram as nações europeias para o comércio com os Estados Unidos da América. Ambos ficarão muito felizes e bem-sucedidos se o fizerem”, escreveu nas redes sociais.
A UE enfrenta tarifas de importação de 25% dos EUA sobre seu aço, alumínio e carros e as chamadas tarifas “recíprocas” de 10% para quase todos os outros produtos. Entre os afetados estão os veículos de marcas alemãs, como BMWs e Porsches, até azeite de oliva italiano e bolsas de luxo francesas.