Suspeito chegou a ser preso em flagrante. Advogada de vítima afirmou que ele foi solto durante audiência de custódia. Mogi Shopping informou que repudia qualquer conduta de importunação e que conta com procedimentos rigorosos de segurança. Iimportunação sexual aconteceu dentro de shopping de Mogi das Cruzes
Reprodução/ TV Diário
Pelo menos três mulheres foram vítimas de importunação sexual no início de abril em um shopping de Mogi das Cruzes. O suspeito, de 25 anos, foi detido em flagrante. Mas, segundo a advogada de uma das vítimas, ele foi solto três dias após a ocorrência.
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Já Secretaria de Segurança Pública (SSP), informou apenas que o jovem foi detido pelos seguranças do shopping e levado à Seccional de Mogi das Cruzes.
As vítimas e testemunhas foram ouvidas na delegacia e o suspeito ficou à disposição da Justiça.
O Mogi Shopping informou que toda a movimentação foi registrada pelas câmeras de monitoramento e que, durante todo o tempo, os responsáveis pela segurança e pelo Serviço de Atendimento ao Cliente prestaram suporte necessário (confira a nota completa abaixo).
Choque
A instrumentadora cirúrgica Beatriz Salman, de 32 anos, contou que no dia 4 de abril levou os três filhos – um menino de 10 anos, uma menina de 8 anos e um bebê de 1 ano – para passear no shooping. Ela afirmou que a importunação sexual aconteceu por volta das 19h.
“Eu vi esse menino vindo pela vitrine da loja e achei estranho, me afastei. Ele foi pro outro lado, achei que ele fosse me roubar, segurei meus filhos. Daí ele veio e passou a mão na minha bunda. Eu fiquei sem reação. Eu falei: ‘você apertou a minha bunda’. Ele falou: ‘Tá louca?!’. Foi quando as mulheres que presenciaram a situação falaram: ‘Você passou a mão nela’”
Ela disse que no momento da importunação as testemunhas que viram a agressão chamaram a Polícia Militar.
“Quando eu fui confrontar ele, ele veio meio que pra cima de mim como se fosse me agredir”, detalhou Beatriz.
Beatriz contou que está com medo de sair para fazer coisas básicas, como levar os filhos para a escola, ir em uma consulta médica ou ao supermercado.
“Eu estou muito constrangida. Agora, depois do que aconteceu, não posso deixar isso pra lá. Ele foi solto na audiência de custódia. Me sinto indignada com a justiça que, mesmo preso em flagrante com vítimas e testemunhas, ele ainda foi liberado. É um sentimento de injustiça, indignação, revolta […]”, desabafou a jovem, que complementou dizendo que precisa seguir com a vida, mas fica com receio de encontrar com o suspeito na rua.
Lilian Simões de Castro é advogada de Beatriz e estava no local. Ela acionou a administração do centro de compras para ajudar na situação.
“Isso aconteceu dentro do shopping, ele já havia assediado outras duas meninas que trabalham no quiosque. Elas chegaram a apertar o botão de pânico, os seguranças foram até elas. Eles falaram que elas teriam que fazer o bo e chamar a polícia”, explicou Lilian.
A advogada afirmou que uma testemunha viu todo o caso e, mesmo assim, o suspeito foi solto nesta segunda-feira (7).
Para a advogada, o shopping foi omisso neste caso e não prestou assistência à Beatriz. “A segurança do shopping já tinha sido comunicada. A segurança podia ter abordado esse cara e nada fez”.
De acordo com a advogada, Beatriz pretende seguir com a denúncia de importunação sexual contra o homem.
“A gente vai querer até uma indenização, porque ela está em crise de pânico. Porque só a prisão dele não é justa, por todo o transtorno que ela passou. Ela não está querendo sair de casa […] não imaginava que eu ia levar os filhos pra passear no shopping e isso ia acontecer”, frisou Lilian.
Outras vítimas
Duas funcionárias do shopping denunciam que minutos antes de importunar sexualmente a instrumentadora, o suspeito fez a mesma coisa com elas.
Juliana*, nome fictício de uma das funcionárias que preferiu não se identificar, contou que o homem passou a mão em suas nádegas no momento em que estava atendendo dois clientes.
“Ele passou por trás de mim e foi quando ele passou a mão em mim, mas como eu tava atendendo o cliente, eu me assustei na hora, eu entendi o que aconteceu, mas eu demorei um pouco pra raciocinar, fiquei incomodada, mas como eu falei, eu tava atendendo, eu não tive muita reação”, contou.
Ela explicou que na hora a companheira de trabalho tinha ido ao banheiro e estava sozinha nos atendimentos aos clientes. Quando a colega retornou, Juliana contou a ela o que tinha acontecido e foi até a farmácia. No momento em que estava retornando para o quiosque recebeu o telefonema da colega.
“Ela já tava me ligando, porque ela falou que tinha acontecido a mesma coisa [com ela]. Quando eu cheguei, os seguranças do shopping já estavam lá. Ela apontou o cara e falou: ‘foi aquele cara ali, né?! Ele passou a mão em mim agora’. Eu falei: ‘sim, foi ele mesmo’’’
De acordo com Juliana, os seguranças disseram que elas teriam que largar o trabalho naquele momento e ir à delegacia prestar queixa. Eles explicaram ainda que, se elas preferissem ir à delegacia só após o fim do horário de expediente, eles não poderiam fazer nada naquele momento em relação ao suspeito.
Segundo a vendedora, ela escutou os gritos de Beatriz após ser vítima do mesmo homem. Neste momento, Juliana acionou o botão de pânico e disse para o segurança segurar o suspeito, já que o homem estava indo em direção à porta de saída do shopping.
“Falei com a Beatriz e quando eu saí do shopping às 22h, eu fui até a delegacia prestar queixa com ela”, recordou Juliana.
O que diz o shopping
Por meio de nota, o Mogi Shopping afirmou que o local conta com procedimentos rigorosos de segurança e que repudia qualquer conduta de importunação.
O estabelecimento informou também, que um dos representantes do Mogi Shopping estava presente no momento do registro do boletim de ocorrência e permaneceu na delegacia até a conclusão.
Por fim, disse que o centro de compras colabora com as investigações.
O que diz a justiça
Segundo o Tribunal de Justiça (TJ) do Estado de São Paulo, o processo está sob segredo de justiça, porque se trata de um crime sexual.
Portanto, as informações e documentos são informados apenas às partes e aos advogados.
O que diz a lei
De acordo com o advogado Rodrigo Marinho, o Código de Defesa do Consumidor diz que um cliente pode ser expulso de um estabelecimento quando se comportar de forma inadequada e for flagrado tendo essa atitude.
No entanto, o advogado explicou que a segurança de um comércio não pode ser confundida com desrespeito ao consumidor e nem com poder de polícia para prender ou punir.
“Nesse caso, onde ele [segurança] não presenciou os fatos, o correto é que a segurança faça uma abordagem do suspeito e o acompanhe, visando prevenir novos fatos até a chegada da Polícia.Vale ressaltar que o shopping responde por eventuais excessos de seus empregados (no caso, os seguranças)”, explicou Marinho.
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