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Vítima foi ouvida pela polícia pela primeira vez desde o atropelamento. Ela também passou por exame de corpo de delito para determinar a gravidade das lesões. Enfermeira atropelada por carro não lembra do acidente: ‘memória zero’, diz delegado
Reprodução
A enfermeira Victória Lorrane de Oliveira Seabra, atropelada em 1º de fevereiro de 2025 na Zona Leste de Teresina, foi ouvida pela polícia pela primeira vez na manhã desta quarta-feira (23). Segundo o delegado Carlos César, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Trânsito (DRCT), ela não lembra do acidente que sofreu.
“Memória zero [devido ao] trauma no cérebro. Ela não lembra nem do dia do fato”, afirmou ao g1 o delegado, que investiga o caso.
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O titular da DRCT explicou que a polícia a interrogou sobre o que aconteceu no dia e depois do atropelamento. A enfermeira também passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML).
De acordo com Carlos César, o exame vai detalhar as lesões sofridas por Victória. Quanto maior a gravidade delas, maior a possibilidade de um aumento de dosagem da pena aplicada ao suspeito de atropelá-la, um estudante identificado como Matheus Soares Magalhães Tajra.
Além do depoimento e do exame, a polícia aguarda o resultado da perícia de três vídeos de câmeras de segurança que registraram o acidente em diferentes ângulos. A intenção é determinar a velocidade em que o carro do suspeito estava.
Em 18 de março, a DRCT pediu a prorrogação da investigação por mais 30 dias. Ao fim desse prazo, o delegado apontou que há duas possibilidades de indiciamento – ou seja, a acusação formal de que o motorista do carro cometeu um crime:
Lesão corporal culposa de trânsito, quando não há a intenção de machucar a vítima;
Tentativa de homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco do ato cometido e suas prováveis consequências.
Apesar disso, o titular da delegacia ressaltou que o indiciamento só será definido quando o inquérito for oficialmente encerrado.
Impacto na família
Durante o depoimento, Victória contou que o acidente impactou não somente a vida dela, mas também da família da enfermeira.
“Ela está se lamentando porque não está mais trabalhando. Ia fazer um concurso público, não tem mais condições de estudar. A filha de 12 anos está perdendo aula na escola, a família com problemas financeiros porque ela não está recebendo pensão do INSS, nem auxílio-doença”, disse Carlos César.
A vítima do acidente permaneceu internada em estado grave por quase duas semanas e teve alta do hospital em 19 de fevereiro.
A diarista Jane Oliveira, mãe de Victória, contou ao g1 que a filha apresenta alterações neurológicas, mas mantém uma boa coordenação motora.
Victória passou por uma cirurgia na cabeça no dia 1º de fevereiro, logo após o atropelamento. Ela esteve na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por 13 dias.
Motorista confessou ter bebido
Enfermeira é atropelada por carro em avenida na Zona Leste de Teresina
Ainda de acordo com o delegado da DRCT, o estudante Matheus Magalhães se apresentou à polícia, ao lado do advogado, em 2 de fevereiro. Ele confessou que ingeriu bebida alcoólica antes do acidente.
“Ele disse que estava em uma festa de formatura de uma faculdade da capital. Nessa festa, confessou ter tomado algumas doses de uísque. Foi deixar um amigo no [bairro] Dirceu e, depois, outro amigo na região onde teve o acidente”, detalhou Carlos César.
Os vídeos obtidos pela polícia mostram, conforme o delegado, que o estudante posicionou o carro entre o meio-fio da Avenida Antonieta Burlamaqui, na Zona Leste da capital, e a motocicleta que levava a enfermeira na garupa. O condutor da moto, um motorista de aplicativo, não se feriu.
O g1 não localizou a defesa de Matheus Magalhães para comentar o assunto.
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