Pesquisa da Aliança Nacional LGBTI+ revelou que nove em cada dez alunos foram vítimas de agressões verbais nas escolas brasileiras em 2024. Nove em cada dez estudantes LGBTQIA+ já sofreram agressões verbais
Para muitos, a escola é o primeiro ambiente onde se aprende sobre convivência, respeito e cidadania. No entanto, para parte dos estudantes do Amazonas, especialmente os que fogem dos padrões de gênero e sexualidade, esse espaço pode se transformar em um cenário de exclusão e discriminação.
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Uma pesquisa da Aliança Nacional LGBTI+ revelou que nove em cada dez alunos foram vítimas de agressões verbais nas escolas brasileiras em 2024.
O levantamento também apontou que:
67% dos estudantes trans não se sentem seguros na escola;
59% dos meninos que fogem ao padrão de masculinidade relatam o mesmo;
49% de gays, lésbicas, bissexuais ou assexuais também veem a escola como espaço hostil;
40% das meninas fora dos padrões de feminilidade e pessoas com corpos fora dos padrões estéticos disseram se sentir inseguras no ambiente escolar.
Foi o que viveu César Fonseca ainda na infância, ao ser alvo constante de bullying por conta de sua identidade.
“Eu tinha uns 6, 7, 8 anos. Me sentia acuado, oprimido. Estar na escola nem sempre era o que eu queria. Tinha um grupo, formado principalmente por meninos, que me chamava de “bicha”, de “viadinho”. Eram agressões que eu não entendia de onde vinham e acho que eles também não sabiam o que estavam fazendo”, relembrou César, que hoje é advogado.
A mãe de César, Cíntia Fonseca, descobriu o sofrimento do filho apenas anos depois. “Meu mundo caiu. Eu achava que a escola, depois de casa, era o lugar mais seguro. Nunca imaginei que ele estivesse sofrendo tanto”, lamentou.
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Nove em cada dez alunos foram vítimas de agressões verbais nas escolas brasileiras em 2024
Rede Amazônica
O que tem sido feito
No Amazonas, a Secretaria de Educação afirmou contar com uma estrutura voltada ao acolhimento e proteção dos estudantes. Segundo a coordenadora de atenção à saúde psicossocial da rede estadual, Luciana Macellaro, existe um sistema chamado POP, que registra situações de violência ocorridas nas escolas ou relatadas por alunos.
“O objetivo é garantir que os direitos desses estudantes sejam assegurados”, explicou.
Além disso, professores têm papel importante na escuta e acolhimento dos alunos. A docente de Língua Portuguesa, Danielle Cordeiro, acredita que o diálogo entre os colegas de sala ajuda a construir um ambiente mais empático.
“A gente compartilha, divide opiniões e experiências. Às vezes algo me passa despercebido, mas meu colega observa e a gente troca”, disse.
Para o professor Ademir Júnior, do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a escola precisa ser um espaço que forme não apenas estudantes, mas cidadãos conscientes.
“A gente precisa viver em uma sociedade que respeite as pessoas como elas são. Ninguém merece ter seus direitos violados por causa de sua orientação sexual, raça ou etnia. Precisamos pensar: que sociedade queremos construir?”
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