De acordo com a Organização Nacional de Acreditação (ONA), incidentes ocorridos em hospitais, clínicas, ambulatórios e serviços de urgência e emergência poderiam ter sido evitados. Evasão de pacientes e lesões são as principais falhas na assistência à saúde
Carlos Bassan/PMC
As instituições de saúde piauienses registraram, entre agosto de 2023 e julho de 2024, 9,6 mil falhas na assistência à saúde — incidentes que poderiam ser evitados, como evasão de pacientes e lesões por pressão (entenda o que são abaixo).
Os dados foram levantados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), com base em informações divulgadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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O levantamento da ONA considerou hospitais, clínicas, ambulatórios e serviços de urgência e emergência, diálise e radiologia. Em todo o país, quase 400 mil falhas foram contabilizadas no período da pesquisa.
“São eventos adversos evitáveis como administração errada de medicamentos, procedimentos realizados em partes erradas do corpo ou no tempo errado, feridas desenvolvidas em pacientes internados há muito tempo”, elencou a gerente de operações da ONA, Gilvane Lolato.
O g1 listou os principais incidentes registrados no Piauí segundo o tipo, a faixa etária dos pacientes e os que resultaram em morte. Confira abaixo:
Notificações por incidentes ou eventos adversos
Incidentes ou eventos adversos por faixa etária
Eventos adversos que resultaram em morte
Falhas mais frequentes
Paciente acamado em leito de hospital
Divulgação
A falha na assistência à saúde mais comum nas instituições piauienses, segundo a ONA, é a evasão do paciente; ou seja, quando ele deixa o local em que está recebendo atendimento por decisão própria.
“O paciente se evade ou porque [o atendimento] está demorando, ou está cansado ou não está gostando do atendimento. Ele sai sem alta confirmada e consente que está saindo. A instituição o deixa ciente dos riscos à saúde e ele assina uma declaração por escrito”, explicou Gilvane.
Em segundo lugar, há a lesão por pressão, uma ferida causada na pele do paciente internado por um período considerável. Ela pode ser provocada pelo atrito com a cama ou maca se não houver uma movimentação adequada por parte dele ou dos profissionais de saúde.
Já a falha propriamente dita na assistência envolve, por exemplo, diagnósticos errados ou atrasados e tratamentos inadequados. Por fim, a falha na identificação do paciente ocorre nos casos em que ele ou não recebeu atendimento, ou recebeu no tempo errado ou foi confundido.
O que é acreditação?
Uma das medidas que podem ser adotadas para reduzir os incidentes e evitar mortes é a acreditação: um “selo de qualidade” conferido após avaliação externa dos processos e protocolos de segurança nas instituições de saúde.
Atualmente, o Piauí conta com sete instituições acreditadas pela ONA — quatro hospitais, dois ambulatórios e uma clínica oftalmológica.
“A própria instituição busca um reconhecimento de que tem processos e protocolos de assistência seguros. Um grupo de avaliadores vai até ela e analisa documentos, registros, prontuários, exames e laudos. Entrevista profissionais e pacientes e procura todas as evidências possíveis”, detalhou a gerente de operações da entidade.
Outra pesquisa feita pela organização apontou que, em mais de 30% de cem instituições acompanhadas por ela há mais de 15 anos e que adotaram as medidas de segurança recomendadas, houve redução de 51% nas falhas de administração de medicamentos e 42% nas infecções hospitalares.
Em nível nacional, 2.040 serviços de saúde possuem o “selo” da acreditação. Esse número equivale a apenas 0,54% das mais de 380 mil instituições registradas no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes).
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