Aumento no número de animais em lago em Maxaranguape, que fica próximo a casas e escolas, assustou moradores nos últimos meses na região. Jacarés se proliferam em lagoa, em Maracajaú
Uma força-tarefa formada por órgãos ambientais, prefeitura de Maxaranguape e governo do Rio Grande do Norte planeja retirar os jacarés do lago temporário na praia de Maracajaú, na Região Metropolitana de Natal, em até três semanas.
O aumento na quantidade de jacarés tem assustado moradores e gerado preocupação. O lago, que se forma todos os anos na mesma localidade no período de chuvas, fica perto de casas e a cerca de 500 metros de uma escola.
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O plano para a retirada dos animais foi elaborado após uma reunião nesta quarta-feira (23) no Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), em Natal.
Uma vistoria técnica foi definida para ser reailzada no local até a próxima semana para fazer a contagem dos animais e poder fazer a captura e a destinação, em seguida.
O animais devem ser retirados do lago e transferidos para rios na própria região, segundo o diretor-técnico do Idema Thales Dantas.
“A gente tem que iniciar com os maiores, então a gente já tem a expertise, na verdade, da Polícia Ambiental, já que de vez em quando acontece de aparecer na Zona Norte de Natal, nas lagoas de captação, esses jacarés”, explicou.
“Que a gente possa destiná-los no decorrer dos rios da região, que já são áreas de habitat desses animais. De maneira que não superpovoe outros locais também, como tem acontecido dentro dessa lagoa”.
O diretor-técnico reforçou ainda que a população deve evitar alimentar os animais nesse período, algo que havia sido pedido também pela Secretaria de Sustentabilidade Ambiental de Maxaranguape.
“Infelizmente, as pessoas estão colocando alimentos para eles. Então, de fato, eles estão se proliferando de maneira muito rápida”, disse.
O outro órgão ambiental envolvido na operação de estudo do local e da retirada é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Jacarés em lago em Maracajaú, no litoral do Rio Grande do Norte
Kleber Teixeira/Inter TV Cabugi
Aumento de jacarés assusta moradores
Os moradores contaram que os jacarés apareceram há alguns anos, mas nunca na quantidade atual, o que tem assustado, já que houve registros de alguns que invadiram casas próximas.
“Na casa da minha mãe, que mora aqui próximo, um desses jacarés entrou e travou uma briga com a cachorra dela, que é de grande porte, que foi atingida na boca e cortou. Mas a cachorra matou o jacaré”, contou o professor Eider Santos.
“Há outros relatos de pessoas que residem aquii perto de jacarés perto do portão das casas. O pessoal tem foto e tudo mais”, completou.
A Secretaria de Sustentabilidade Ambiental da cidade informou na terça-feira (22) que acionou o Ibama e o Idema há cerca de dois meses, mas não havia recebido retorno para resolver a situação.
Segundo a secretaria municipal, o objetivo de reunir os órgãos ambientais foi analisar a situação dos jacarés no lago para se atuar na elaboração da Autorização de Captura de Material Biológico (ACMB).
“Essa autorização é fundamental para viabilizar um estudo técnico que irá subsidiar esta Secretaria na tomada de decisões adequadas e seguras quanto à futura captura e relocação dos animais para um ambiente apropriado”, informou a pasta em nota assinada pelo secretário Pablo Ricelly do Nascimento.
Avaliação para captura dos animais
A ACBM, segundo a secretaria, requer um levantamento preciso de informações, incluindo identificação das espécies, tamanhos, quantidade de indivíduos e outros dados relevantes.
“O processo vai muito além de simplesmente capturar e soltar os animais, pois exige a definição de um local adequado de soltura, que não cause desequilíbrio ambiental nem represente risco à população”, pontuou a nota.
A pasta reforçou ainda que a execução dessas ações demanda profissionais capacitados, com especialização em manejo de fauna silvestre.
O professor Eider Santos, morador da região, contou que acredita que há pelo menos 40 jacarés no lago.
“De acordo com os relatos e vídeos gravados, a gente consegue captar entre 40 a 60 jacarés. Mas eu acredito que tem mais, porque a gente tem essa lagoa, tem mais uma lagoa por trás da duna. Eu acredito que tem mais de 100 jacarés”, disse.
Jacaré em lago em Maracajaú, no Rio Grande do Norte
Kleber Teixeira/Inter TV Cabugi
Beira do lago
Enquanto uma decisão não é tomada, os jacarés têm vivido na região e aparecem também na beira do lago, sendo vistos por quem passa pelo local em vários momentos do dia.
A professora Mineia de Morais, que dá aula na escola a 500 metros do lago, acredita que a presença dos animais representa um risco na região.
“Temos crianças pequenas, de 2 a 3 anos de idade, e é arriscado. Nosso horário [no colégio] é até 17h, então a gente fica muito preocupado devido a eles já estarem invadindo as casas”, disse.
A Secretaria de Sustentabilidade Ambiental informou que, por isso, também tem atuado na conscientização da população local para que evite alimentar os jacarés com restos de comida.
De acordo com a pasta, essa prática “contribui para o crescimento acelerado e a procriação precoce desses animais, agravando ainda mais o problema”.
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