Vítimas procuravam Karol Digital após perderem dinheiro com apostas, diz polícia
Maria Karollyny Campos Ferreira, conhecida como Karol Digital, investigada por envolvimento com exploração de jogos de azar e outros crimes no Tocantins, enganava os mais de 1,5 milhões de seguidores afirmando que não tinha contratos com plataformas de jogos e que os ganhos eram das apostas. É o que revela o inquérito da Polícia Civil sobre a influenciadora, presa em Araguaína, norte do estado. Nas negociações, Karol chegou a afirmar que ’70 blogueiros’ a ajudavam na divulgação dos jogos.
Mandados de prisão foram cumpridos contra Karol Digital e o namorado dela, Dhemerson Rezende Costa, no dia 22 de agosto deste ano. Eles são investigados por suposto envolvimento em associação criminosa, lavagem de dinheiro e crime contra a economia popular.
Em entrevista à TV Anhanguera, a defesa do casal negou envolvimento deles com atos ilícitos e disse que “tudo será esclarecido”. Também afirmou, em nota, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal, pois acredita que há ilegalidades na investigação e que a prisão da investigada é “desumana”, pois ela “está em estado de saúde extremamente complicado” (veja nota abaixo).
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O inquérito policial analisou os passos de Karol e as negociações que ela fez com casas de apostas. Um dos diálogos de Karol com representantes de casas de apostas online, registrado em 2022 e interceptado pelos investigadores, mostrou como ela celebrava as parcerias.
Para uma das plataformas, ela afirmou que não divulgava que fazia parcerias, já que afirmava nas postagem que os ganhos financeiros ocorriam por meio das apostas.
Na negociação em questão, ela cobrou o valor de R$ 30 mil para fazer parceria e divulgar a plataforma.
“As pessoas estão acostumadas com a minha forma de trabalhar, e eu consigo atrair mais pessoas, as pessoas confiam em mim porque eu digo que não sou contratada por nenhuma plataforma, então elas veem que eu ganhei muito dinheiro por que eu jogo muito”, disse a influenciadora em conversa por aplicativo com a plataforma.
Dentro da negociação, Karol afirmou na conversa que tinha uma ‘equipe de blogueiros’ que a ajudava na divulgação, caso a plataforma fechasse parceria com ela.
“Tenho uma equipe de 70 blogueiros que divulgam todas as plataformas que indico”. “Eu contrato blogueiras para divulgar para mim e conseguir capturar mais jogadores. Então esse valor de 30.000 não é exclusivamente só para mim, eu invisto uma parte dele para capturar mais pessoas (sic)”, afirmou nas mensagens.
Além dessa forma de trabalhar, conforme o inquérito, Karol fazia acordos com diferentes plataformas e nas divulgações pelas redes sociais, atribuía os ganhos de determinada parceria a outra casa de apostas online. “Daí quando você depositar irei fazer vídeo retirando”, disse Karol à plataforma.
“Ou seja, ao receber a quantia da divulgação dos jogos, ela faria o recebimento e postaria aos seguidores informando-os que foi justamente quando ela jogava na plataforma”, destacou trecho do inquérito.
Mensagem de Karol Digital a uma plataforma de apostas
Reprodução/Polícia Civil
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Apreensões e movimentação financeira
Investigação apontou que Karol Digital adquiriu carros de luxo
Reprodução Instagram Karol Digital/Divulgação Polícia Civil
Karol Digital foi presa durante cumprimento de mandados na Operação FRAUS, conduzida pela Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (DRACCO) e 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (DEIC – Palmas), com o apoio do Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça e Segurança Pública, além de equipes da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec).
Conforme os investigadores, a influenciadora movimentou entre janeiro de 2019 e outubro de 2024, mais de R$ 217 milhões em suas contas. Durante a operação, a Polícia Civil apreendeu sete veículos em nome da influencer Karol Digital, que somam aproximadamente R$ 5.528.000.
Entre os veículos está um Porsche avaliado em R$ 979 mil, uma RAM 3500 avaliada em R$ 475.000,00 e uma McLaren, modelo Artura, de R$ 3,1 milhões.
Também foi determinado o sequestro de sete imóveis, sendo seis em Araguaína e um em Babaçulândia, além de uma fazenda com criação de 248 bovinos e cavalos de raça, avaliada em R$ 8 milhões, em Palmeirante.
Ainda conforme a investigação, Karol Digital teria transferido bens para três empresas em seu nome, configurando a “blindagem” ou “ocultação” de patrimônios.
Influencer foi presa pela Polícia Civil suspeita de ganhos ilícitos com jogos de azar
Reprodução Instagram Karol Digital/Arte g1
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