Sede onde a Coopebras funcionava em Boa Vista
Coopebras/Arquivo g1
O Tribunal de Contas de Roraima (TCE-RR) condenou, nessa terça-feira (19), os dirigentes da Cooperativa Brasileira de Serviços Médicos (Coopebras), Dimião Weber Zabolotsky e Edivaldo Pereira Vieira, a devolverem mais de R$ 2 milhões aos cofres públicos. O valor corresponde a fraudes no pagamentos de plantões médicos não realizados no Hospital de Rorainópolis, no Sul de Roraima.
O g1 tenta contato com a defesa dos citados. Procurado pela Rede Amazônica, Dimião Weber Zabolotsky não enviou resposta até a última atualização da reportagem.
O processo contra os investigados tramitava desde 2020. A relatora, conselheira Simone Souza, acatou proposta do conselheiro Bismarck Dias e determinou ainda a aplicação de multa de 30% sobre o valor do dano causado pelos gestores.
O processo
O processo iniciou após o TCE identificar pagamentos irregulares a médicos e cirurgiões-dentistas. Um relatório de inspeção apontou graves irregularidades, entre elas, segundo o Tribunal:
Discrepância entre plantões pagos e os efetivamente realizados;
Ausência de comprovação dos serviços (com fichas de atendimento em branco ou sem assinatura);
Inconsistências em plantões diurnos e noturnos;
Encaminhamento antecipado de listas nominais de médicos como se fossem folhas de frequência, prática que resultava em pagamento indevido antes do fechamento do mês.
Segundo o TCERR, as falhas configuraram “condutas negligentes e ilícitas, gerando um prejuízo superior a R$ 2 milhões” aos cofres públicos.
Leia também:
Operação da Polícia Civil investiga médicos que recebem do governo sem cumprir plantões
Médico e vice-presidente da Coopebras são presos com armas em operação contra corrupção na Saúde
Cooperativa de médicos alvo de operação desviou cerca de R$ 30 milhões da Saúde, diz polícia
Responsáveis e penalidades
Além de Zabolotsky e Vieira, outros gestores foram responsabilizados por atos de gestão ilegítimos e antieconômicos. Estão entre eles ex-diretores de hospitais, gestores e fiscais de contrato que atestaram notas fiscais irregulares ou enviaram documentos falsos à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
As multas aplicadas variam de 10 a 30 Unidade Fiscal Estadual de Roraima (UFERRs), atualmente fixada em R$ 493,46, com prazo de 30 dias para pagamento.
O tribunal afastou, contudo, a responsabilização de ex-secretários de Saúde do Estado, entendendo que não houve comprovação de erro grosseiro na ordenação de despesas. Para a Corte, a responsabilidade recai sobre os dirigentes que elaboraram, atestaram e encaminharam documentos fraudulentos.
A decisão será anexada à prestação de contas referente ao ano 2017 e encaminhada ao Ministério Público de Roraima (MPRR) para eventual ajuizamento de ações cíveis e penais.
“A medida reforça a obrigação de gestores e cooperativas de comprovar o uso regular dos recursos públicos e reafirma a jurisprudência de que o direito ao silêncio não isenta os responsáveis de prestar contas ao erário”, destacou o TCE.
Mais sobre a Coopebras:
Ministro do STJ autoriza soltura de contador envolvido no escândalo da Coopebras
Três envolvidos no caso da Coopebras seguem foragidos após sete meses
Leia outras notícias do estado no g1 Roraima.