Justiça concede prisão domiciliar a babá suspeita de drogar bebê em Sumaré

Decisão foi expedida porque a mulher está grávida e tem filhos menores de 12 anos. Bebê ficou cinco internadas em fevereiro, mas já recebeu alta e passa bem. Exames constataram a presença de cocaína, lidocaína e clonazepam no organismo da bebê de 10 meses em Sumaré (SP); babá foi presa suspeita de tentativa de homicídio
Pedro Torres/EPTV
O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu prisão domiciliar à babá de 28 anos suspeita de drogar uma bebê com cocaína e anestésico em Sumaré (SP). A prisão temporária foi revogada porque, de acordo com a decisão desta terça-feira (18), a mulher é gestante e tem filhos de 2 e 7 anos.
🔎 Entenda: de acordo com o Código de Processo Penal, a prisão domiciliar pode ser concedida quando o réu tiver mais de 80 anos, for debilitado por doença grave, cuidar de pessoa menor de 6 anos ou com deficiência, for gestante ou tiver filho menor de 12 anos.
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Com a medida, a suspeita pode deixar a prisão e deve ficar em casa por período integral. Ela só poderá sair da residência para acompanhar eventuais tratamentos de sua saúde ou de seus filhos, mediante comprovação, ou para comparecer em juízo.
A defesa diz “recebe a decisão com alegria” e pontuou que a cliente, presa até então, está com infecção urinária, agravando seu quadro gestacional, e sem o adequado acompanhamento médico. Ressaltou que “acompanhará o término das investigações com a apresentação do relatório final”.
Na segunda-feira (17), a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou ao g1 que a Polícia Civil segue com o trabalho de investigação para concluir o inquérito. Testemunhas foram ouvidas e um laudo pericial do celular da investigada está em produção.
Relembre o caso
A mãe contou que precisou deixar a filha com a babá por conta do trabalho, mas estranhou quando recebeu a foto da bebê na manhã seguinte. “Ela mesmo pediu para que eu deixasse ela dormir lá, por conta do horário. Eu deixei”, comentou.
“Já achei muito estranho, porque ela mandou uma foto da minha filha sentada de costas, de uma forma que não é costuma dela sentar, pedindo para deixar a menina dormir mais um dia na casa dela”, detalhou.
Após ficar sob os cuidados da babá, a bebê foi levada pela mãe à UPA Denadai, no dia 8 de fevereiro, desfalecida e com marcas vermelhas na cabeça. Ela foi transferida ao Hospital Estadual de Sumaré (HES), onde exames constataram a presença de cocaína, lidocaína e clonazepam no corpo da criança.
Foram cinco dias de internação, mas a criança recebeu alta e passa bem. O caso foi registrado como tentativa de homicídio na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade. Segundo o delegado, trechos de conversas entre a babá e a mãe da bebê “apresentam indícios de autoria”.
“Outra materialidade que corroborou esse pedido de prisão foram as mensagens trocadas com a mãe. Em determinado momento a babá afirma que vai se entregar à polícia, em outro momento ela nega autoria. Há de certa forma uma confusão, uma controvérsia no posicionamento, no comportamento da babá, que indica indícios suficientes de autoria”.
O advogado da babá de 28 anos, Raphael Rodrigues dos Santos, relatou que no dia da ocorrência a mulher estava cuidando dos três filhos menores dos pais da vítima e que, até que o casal retirasse as crianças da casa, todos estavam bem.
Santos disse ainda que a cliente nega completamente os fatos e que, desde o episódio, a mulher, que está grávida, teria sido agredida e sofrido ameaças. Ela ficou presa na Cadeia Pública Feminina de Monte Mor.
Remédios
Ainda de acordo com o advogado, a babá faz uso de ansiolíticos para dormir, mas que na noite em que a bebê dormiu na sua casa, não fez uso do remédio. “Ela não faz uso de drogas, nunca fez. Se prontificou a fazer exame toxicológico”, disse o defensor.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que durante o trabalho investigativo da Polícia Civil, a autoridade policial representou pela prisão temporária da suspeita, que foi acatada pela Justiça e cumprida na última sexta.
“No local onde ela estava foram localizados diversos medicamentos, que foram apreendidos. A indiciada foi conduzida à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Sumaré e permaneceu à disposição da Justiça”.
Nega crime em áudio
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Em áudio enviado à mãe da menina, após ser questionada sobre o estado de saúde da bebê, a babá negou qualquer irregularidade. “Eu não dei nada para ela. Ela tava brincando aqui. Você viu, eu te mostrei a foto aquela hora dela brincando? Eu te mostrei a foto que ela tava brincando. Ela brincou, aí depois eu peguei e dei mamar para ela, ela mamou. Fiz ela dormir. E pronto, mais nada”, disse.
A mãe da bebê disse que espera saber da babá o que ela fez com sua filha. Segundo a mulher, a suspeita era sua amiga e chegou a morar em sua casa. “Agora eu espero dela saber o que aconteceu. Espero que ela seja mulher, assim como ela foi de chegar aqui e pedir uma oportunidade para a gente ajudar. A gente abriu a porta da nossa casa e recebeu ela aqui dentro”.
“[A gente] ajudou ela com tudo, sem pedir um centavo. A gente espera que ela seja mulher para falar o que ela fez com a minha filha, porque eu quero saber o que ela fez com a minha filha”.
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Arquivo pessoal
Ainda de acordo com a mãe da bebê, ao questionar a babá se algo tinha ocorrido, a resposta era de que a menina estava bem, e que ela “só tinha acabado de acordar e estava com sono”. A surpresa foi quando o marido e pai da criança foi buscar a bebê, que encontrava-se desfalecida e com marcas na cabeça.
“Tenho fotos de como eu deixei minha filha e como ela entregou para o meu marido. Eu comecei a chorar. Estava sem reação nenhuma, dois hematomas na cabeça. Levei para a UPA”, disse. Somente após a transferência para o Hospital Estadual de Sumaré, onde a menina ficou internada, a família soube que a criança havia sido intoxicada.
A prisão
A babá foi presa na sexta-feira (7). Segundo o Salge, há indícios de que a suspeita planejava fuga. Ela foi capturada na casa de parentes.
Babá é presa suspeita de drogar bebê com cocaína e anestésico em Sumaré
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