Polícia identificou 5 mortos no incêndio numa clínica de recuperação no Paranoá
A mãe de um dos pacientes internados para tratamento de dependência química na clínica Liberte-se já tinha denunciado o espaço a pelo menos dois órgãos públicos do Distrito Federal.
Em uma reclamação feita à ouvidoria do governo do DF, no último dia 13, a mulher solicitava que fosse feita uma vistoria no local, que apresentava possíveis irregularidades.
✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 DF no WhatsApp.
A resposta preliminar da denúncia informou que a vistoria foi realizada na última quinta (28) – e que o estabelecimento apresentava “boas condições higiênicas e sanitárias”.
Também na quinta, a mulher retirou o filho do espaço. Três dias depois, neste domingo (31), a clínica pegou fogo – cinco pessoas morreram e 11 ficaram feridas.
Mãe de paciente fez denúncia na ouvidoria do GDF sobre à clínica Liberte-se
TV Globo/Reprodução
Paciente denunciou maus-tratos em carta
A mãe ouvida pelo g1 mora em outro estado, e contou que recebeu uma carta do filho há algumas semanas.
Em um dos trechos, ele relata:
“Nesta instituição Liberte-se 3, nem alvará tem. Pois não tem extintor, lâmpadas de emergência e nem placas de sinalização. Isto dá processo”.
Ainda na carta, o paciente relatou ser dopado, amarrado e espancado.
À mãe, o paciente contou ainda que não era possível falar tudo que acontecia na clínica para ela durante as ligações – porque ele poderia ser castigado em seguida.
Veja abaixo um trecho da mensagem:
Carta enviada de interno à mãe
TV Globo/Reprodução
“Mãe, tenho muitas verdades a te falar, mas pelo telefone não posso. Eu vivo aqui sendo esculachado e sendo oprimido. Psicóloga, passei apenas uma vez em um mês já aqui. Psiquiatra também.”
DF: 5 pessoas morrem em incêndio em clínica irregular de recuperação de dependentes
Denúncias
Além da denúncia à ouvidoria do GDF, a mulher também eacionou o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
Ela relatou as denúncias sofridas pelo filho e solicitou uma medida urgente ao MP – que ainda não concluiu o processo.
Em nota divulgada nesta segunda, o MP do DF afirmou que já havia pedido informações e fiscalização da clínica que pegou fogo, e que segue “atuando para a completa elucidação dos fatos e para a responsabilização dos envolvidos na esfera cível e criminal”.
A polícia identificou as 5 pessoas que morreram no incêndio numa clínica de recuperação de dependentes químicos no Paranoá
Incêndio deixa cinco mortos
A unidade da Clínica Liberte-se acometida pelas chamas fica no Paranoá, a cerca de 50 metros de uma outra clínica administrada pelo mesmo grupo.
O fogo começou na sede do instituto, onde estavam cerca de 20 internos. Outros 26 estavam em dormitórios do lado de fora e conseguiram ser salvos.
Na sede da clínica, foram localizados cinco corpos carbonizados. O local estava trancado e com grades nas portas e janelas, o que dificultou a saída dos pacientes.
Outras 11 pessoas, com idades entre 21 e 55 anos, ficaram feridas, apresentando queimaduras e intoxicação por fumaça. Elas foram retiradas durante o combate ao fogo e encaminhadas a hospitais do DF.
A 6ª Delegacia de Polícia, no Paranoá, investiga o caso e apura as causas do incêndio.
Segundo o delegado Hugo Maldonado, informações preliminares de internos indicam que um carregador de celular pode ter iniciado as chamas.
Em nota, o Instituto Terapêutico Liberta-se lamentou o ocorrido e afirmou que está à disposição para “esclarecer as circunstâncias do ocorrido”.
LEIA TAMBÉM:
MORTE NO EXTERIOR: Autópsia fala em ‘útero preservado’ de homem brasileiro morto na Bolívia; veja documento e vídeo
CLÍNICA CLANDESTINA: saiba quem eram os mortos no incêndio em casa de recuperação