Grax trabalha há quase 20 anos com audiovisual, formado em Comunicação e Marketing, ele veio para o Brasil, no Piauí, fazer mestrado na UFPI. Aqui em entrou uma forma de aliar a sua luta de vida com a sua profissão. Mexicano trans usa audiovisual para contar história de piauienses transexuais
Arquivo pessoal
O brasileiro naturalizado Grax Medina Gutierrez, de 36 anos, trabalha com o audiovisual desde quando morava em Guerrero (México), onde nasceu. Mas foi no Piauí, no Nordeste brasileiro, que o comunicador por formação aliou a sua luta pela visibilidade transexual com a sua profissão atrás das câmeras.
🏳️⚧️ Nesta quarta-feira (29) é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans. Essa data impulsionou Grax a criar, junto com outros amigos trans piauienses, um coletivo para estabelecer eventos e projetos para e sobre a comunidade no estado.
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“O coletivo nasceu de uma revolta. Eu estava cansado das pessoas contando a minha vivência, a minha história, me usando apenas como objeto de estudo, mas não fazendo nada por mim, exatamente. Então, não tem ninguém melhor do que eu pra contar minha própria história. Foi aí que eu comecei a conciliar e pensar ‘poxa, sou uma pessoa, sou formada no audiovisual, trabalho com isso, e se ninguém tá fazendo nada, eu faço”‘, explicou Grax.
No Coletivo 086, Grax dirigiu e produziu, com o auxílio de outras pessoas trans e travestis, um documentário e uma websérie sobre a vivência, lutas e conquistas da comunidade no Piauí.
Além do Piauí, onde morou por 10 anos, Grax também trabalhou e se firmou em Minas Gerais e, recentemente, em Brasília. Mas segundo o mexicano, o Piauí tem seu coração.
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Séries documentais
A primeira série e produto audiovisual com direção de Grax foi o TransDoc: Prevenção Para Todes, uma campanha de prevenção contra o câncer de mama em pessoas trans.
Geralmente atribuído a mulheres cisgênero (que se identificam com o gênero adotado no nascimento), essa doença também pode atingir homens. E a população trans está dentro deste espectro.
Gravação Websérie LGBThe’s: História, Resistência e Resiliência, realizada pelo Coletivo 086, de Teresina
Reprodução
O projeto mais recente é a Websérie LGBThe’: História, Resistência e Resiliência, primeira no Piauí produzida por uma equipe formada majoritariamente de pessoas trans.
Seu primeiro episódio foi exibido durante a 1ª Semana da Visibilidade Trans no estado em setembro de 2024 e o segundo episódio será exibido nesta quinta-feira (30), no Teresina Shopping, em comemoração ao mês da visibilidade Trans.
Além disso, uma exposição estará disponível no shopping até o dia 28 de fevereiro de 2025 com fotos, artigos e informações sobre a produção do projeto.
O projeto documental retrata a história de pessoas trans do Piauí, desde pioneiras do movimento, até a geração atual. As gravações foram realizadas em Teresina, na zona urbana e rural, Picos, Oeiras, Colônia do Piauí e Parnaíba e 40 pessoas trans foram entrevistadas.
Transição no Brasil
Grax Medina chegou no Brasil em 2011, por meio de uma bolsa para intercâmbio no mestrado na Universidade Federal do Piauí. Após quatro anos estudando, ele conseguiu o visto de permanência para se manter no país e poder trabalhar.
Quando ainda morava no México, trabalhava com audiovisual desde 2006. Já no Piauí, continuou no ramo. Trabalhou em emissora de TV, produção institucional independente, além de ter dirigido e produzido um documentário com o coletivo 086.
Em 2017, apesar de já se entender como uma pessoa trans desde muito antes, o produtor audiovisual deu início a sua terapia hormonal, para realizar a transição de gênero, via plano de saúde particular.
“Só consegui começar e continuar minha hormonização pelo plano de saúde porque o SUS nunca me ajudou em nada para isso. Infelizmente, o sistema ainda é muito transfóbico. São quase 8 anos comprando hormônio, além de pagar mensalidade de plano de saúde e exames”, explicou Grax.
Atualmente, o mexicano-piauiense mora em Brasília e trabalha no Ministério da Saúde. Ele trabalha na comunicação da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (SGTES).
Dessa forma, Graz acredita que pode contribuir um pouco para tornar o SUS menos transfóbico, trabalhando internamente com os profissionais da saúde.
Atualmente, Grax mora em Brasília e trabalha no Ministério da Saúde
Arquivo Pessoal
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