Ministro do STF ordenou a realização de perícia sobre a chamada ‘minuta do golpe’ encontrada na casa do ex-ministro da Justiça. Objetivo é verificar se documento é o mesmo que foi discutido por Bolsonaro e comandantes das Forças Armadas. Anderson Torres durante segundo dia de interrogatórios no núcleo crucial da trama golpista na Primeira Turma do STF
Evaristo Sá/AFP
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu a um pedido da defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e determinou à empresa Google que informe os dados de quem inseriu uma minuta de teor golpista em domínio público.
Os advogados de Torres solicitaram ao STF que seja realizada uma perícia no documento. O objetivo é verificar se essa minuta, que foi a encontrada na casa de Anderson Torres, é a mesma que foi discutida em reuniões do ex-presidente Jair Bolsonaro, do ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e de comandantes das Forças Armadas.
O ministro Alexandre de Moraes considerou pertinentes os pedidos da defesa de Anderson Torres.
“Constata-se que as diligências complementares decorrem de instrução processual, considerando que as minutas de Golpe de Estado descritas na acusação foram objeto de indagação de testemunhas e dos réus, o que demonstram a pertinência do requerimento”, afirmou Moraes.
‘Minuta do Google’, afirmou Torres
‘Não é a “minuta do golpe”. Eu brinco que é a “minuta do Google”‘, diz Anderson Torres
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal é réu por tentativa de golpe. Ele, Bolsonaro e outros seis foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República. Eles são acusados de integrar o chamado “núcleo crucial” da trama golpista.
Em interrogatório no STF na semana passada, Anderson Torres disse que a minuta encontrada na sua casa era um documento com erros de português, do qual nem se lembrava.
Ele declarou que a minuta não era do “golpe”, mas sim do “Google”, uma vez que foi publicada na internet e estava disponível ao público (veja no vídeo acima).
Torres disse também que recebia muitos documentos no Ministério da Justiça e que acabou levando essa minuta em um pasta para casa, mas que nunca tratou do documento com ninguém.
Segundo Torres, a apreensão desse documento durante uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal em sua casa foi uma “surpresa” para ele.