Agência de classificação de risco decidiu alterar a projeção de ‘positiva’ para ‘estável’. O rating soberano do país, porém, não foi alterado, e segue em Ba1 — a um passo do chamado grau de investimento. Logo da Moody’s na sede da empresa em Nova York
REUTERS/Brendan McDermid
A agência de classificação de riscos Moody’s decidiu nesta sexta-feira (30) rebaixar a perspectiva de nota de crédito do Brasil de “positiva” para “estável”. Apesar da mudança, o rating soberano do país segue em Ba1 — a um passo do chamado grau de investimento.
Segundo agência, a piora na perspectiva reflete fatores fiscais, diante de uma “deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida”. Além disso, a Moody’s citou:
o progresso mais lento do que o esperado do país em resolver a rigidez de gastos e construir credibilidade na política fiscal;
a capacidade “limitada” do governo de reduzir de forma significativa as vulnerabilidades fiscais e estabilizar o nível da dívida no curto prazo;
e a estrutura da dívida, atrelada a taxas de juros variáveis e à inflação, diante de um perfil fiscal “altamente suscetível às oscilações de juros”.
“A capacidade do governo de reduzir de forma significativa as vulnerabilidades fiscais e estabilizar o nível da dívida no curto prazo continua limitada pela rigidez dos gastos e pelo aumento dos custos de financiamento”, escreveu a agência.
Para a Moody’s, esses desafios bloqueiam o potencial de alta nos investimentos e no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), assim como as reformas econômicas em andamento “que, em geral, apoiam a qualidade do crédito do Brasil”.
Apesar dos apontamentos, a agência destaque que, com a nota Ba1, a avaliação é que os riscos de crédito do país estão equilibrados.
Nota subiu em 2024
Em sua última decisão, em outubro, a Moody’s elevou a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva. Com isso, o país ficou a um passo de obter grau de investimento, um selo de bom pagador concedido pelas agências, que assegura aos investidores um menor risco de calotes.
A classificação ainda indica um “grau especulativo” — o que, segundo as agências de risco, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.
Em outras palavras, o Brasil não tem o chamado “selo de bom pagador”, classificação que sinaliza menor risco de calote para quem investe em títulos do Tesouro Nacional. Veja abaixo a posição do Brasil pelas principais agências:
Veja as notas de crédito do Brasil (ratings) em todas as agências de risco
Kayan Albertin/Arte g1
Reportagem em atualização.