Tenente da PM Hildegardo Freitas da Silva, de 50 anos, foi preso por violência doméstica contra ex-esposa
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O tenente da Polícia Militar Hildegardo Freitas da Silva, de 50 anos, preso por manter a ex-mulher, portadora de Alzheimer, em cárcere privado e sob condições subumanas, foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público de Roraima (MPRR) nessa segunda-feira (17).
Na denúncia, o MPRR acusa o tenente de violência doméstica, violência psicológica, tortura e cárcere privado. A vítima, uma advogada de 55 anos, foi encontrada debilitada, desnutrida, ferimentos e hematomas, durante a operação que resultou na prisão do tenente na última quinta-feira (14), em Boa Vista.
A investigação começou há quatro meses, após denúncia de familiares e amigos sobre o desaparecimento da vítima.
Autor da denúncia, o promotor de Justiça, Hevandro Cerutti, frisou que o caso é ainda mais grave porque envolve uma vítima com doença grave.
“A denúncia marca o início da ação penal na qual serão produzidas as provas necessárias para esclarecer os detalhes dos graves fatos, obedecendo-se o devido processo legal”, destacou. O caso tramita na Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher.
O g1 tenta contato com a defesa do tenente. No dia da prisão, a defesa negou o crime
“No que se refere à acusação de cárcere privado contra sua ex-esposa, a defesa nega veementemente a alegação. A defesa ressalta que a ex-esposa esteve com ele em diversos locais públicos, incluindo mercados da cidade, e visitando amigos. A defesa afirma que o tenente a acompanha em suas atividades e que não há qualquer fundamento para a acusação de cárcere privado”.
Investigação e prisão
A investigação é conduzida pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Ele foi preso preventivamente por ordem da Justiça. Testemunhas afirmaram que Hildegardo controlava as conversas dela, permanecendo sempre ao lado durante ligações.
De acordo com a Polícia Civil, há suspeita de que o policial se apropriava do benefício previdenciário recebido pela vítima em razão da doença. Ele já responde por violência doméstica contra a mesma mulher.
Em 2024, segundo depoimentos, ele teria invadido a casa dela e levado R$ 2 mil, valor do benefício, além de agredi-la fisicamente. Na ocasião, a vítima pediu medidas protetivas.
O mandado de prisão preventiva foi expedido após uma nova denúncia no início de agosto, que trouxe informações sobre a localização da vítima. Agentes foram até um sítio no Distrito Industrial, onde encontraram 60 animais, entre cães e gatos, em condições de maus-tratos — magros, feridos e sem comida ou água. A porta precisou ser arrombada para que os bichos fossem libertados.
Em agosto do ano passado, Hildegardo foi preso por maltratar cachorros que viviam na casa. À época, ele se escondeu na casa quando os policiais chegaram, resistiu à prisão e começou uma confusão generalizada com os agentes.
Prisão no escritório de advogado
Hildegardo não estava em casa no momento da operação e foi localizado horas depois no escritório do advogado, no bairro Cauamé. Ele negou os crimes e afirma que estava hospedado com a ex-companheira em hotéis nos últimos 15 dias por falta de mobília na chácara.
Disse ainda que os ferimentos seriam resultado de quedas e de momentos em que precisou contê-la, alegando que ela teria comportamento agressivo.
A vítima resgatada nesta semana foi levada inicialmente para a Casa da Mulher Brasileira, onde recebeu atendimento médico e psicossocial, e depois encaminhada para amigas próximas. O caso segue em investigação pela Deam, que apura crimes de cárcere privado, maus-tratos e violência doméstica.
Tenente da PM é denunciado por manter ex-esposa com Alzheimer em cárcere e tortura
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