
Allan de Morais Santos, conhecido como ‘Príncipe do crime’, foi baleado e morto em fevereiro deste ano durante a Operação Verão. Dois agentes são réus por homicídio qualificado. Segundo Ministério Público de São Paulo, eles simularam uma troca de tiros com a vítima. Câmeras de PMs mostram abordagem a ‘Príncipe do Crime’, morto durante Operação Verão
O g1 teve acesso, nesta sexta-feira (6), às imagens de Câmeras Operacionais Portáteis (COPs) dos policiais militares envolvidos na abordagem a Allan de Morais Santos, conhecido como ‘Príncipe do crime’, que foi baleado e morto em 10 de fevereiro, durante a Operação Verão em Santos, no litoral de São Paulo.
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Os vídeos foram usados pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para denunciar dois agentes da Rota, tropa de elite da Polícia Militar (PM) do estado, por homicídio qualificado. Segundo os promotores, eles simularam um confronto e alteraram a cena do crime.
A denúncia foi aceita pela Justiça em novembro deste ano, tornando réus os policiais Diogo Souza Maia e Glauco Costa. A dupla foi afastada das ruas nove meses após o crime.
Conhecido como ‘Príncipe do crime’, Allan de Morais Santos, de 36 anos, foi baleado no bairro Saboó, em Santos. Ele era roupeiro do Jabaquara Atlético Clube, havia acabado de sair de um jogo e voltava para casa quando foi abordado pelos policiais e atingido a poucos quilômetros do estádio.
‘Príncipe do Crime’ morre baleado por PMs após desobedecer ordem de parada e jogar carro contra viatura
Reprodução
Imagens
As imagens das COPs dos policiais Glauco Costa e de outros agentes que estavam na ocorrência foram obtidas pela TV Tribuna, afiliada da Globo. Na denuncia do MP-SP, porém, não constam os vídeos do equipamento do tenente Diogo Souza Maia, que, segundo o órgão, estava descarregada.
Maia foi denunciado por efetuar quatro disparos de fuzil à curta distância contra Allan. Ele, o PM Costa e outros agentes estavam na mesma viatura, que contou com o apoio de outras equipes policiais.
No vídeo, é possível ver a viatura dos réus emparelhando com o automóvel da vítima às 17h38m50s. Maia desembarcou e, em apenas cinco segundos, disparou quatro tiros de fuzil a curta distância de Allan.
Após os tiros, o carro da vítima se movimentou, e Costa, que também desceu da viatura, atirou na direção do automóvel. Segundo o MP-SP, não houve aceleração do veículo de Allan, que se deslocou lentamente, o que indica que ele soltou o freio.
Ainda segundo a promotoria, às 17h39, a vítima já havia levado seis tiros. Seis segundos depois, a câmera de um policial em outra viatura flagrou Maia se aproximando da lateral do carro da vítima e mexendo em algo.
Às 17h39m20s, ele permaneceu no local e, oito segundos depois, a COP, com o som de um agente distante, registrou o som semelhante ao de dois disparos. Em seguida, o parceiro de Maia, Glauco Costa, recolheu uma pistola prateada do chão, como se fosse do suspeito.
Os promotores apontaram na denúncia que Maia efetuou disparos de dentro do carro de Allan, simulando a troca de tiros. Em seguida, ele pediu ao parceiro que recolhesse o armamento, como se tivesse desarmado a vítima.
Ainda segundo o órgão, os policiais usaram as viaturas para cercar o carro de Allan e esconder a movimentação perto do automóvel. Além disso, um agente chegou a andar de costas para evitar que a câmera registrasse o veículo.
Veículo da vítima é cercado por quatro viaturas da Rota
Reprodução
Os promotores do MP-SP ao analisarem as imagens não notaram capsulas deflagradas no interior do carro de Allan, o que, segundo o órgão, reforça a tese da simulação.
Segundo a promotoria, o PM Costa apareceu abrindo o porta-malas do automóvel da vítima e olhando por cima do banco traseiro, sem encontrar nada. No entanto, minutos depois, às 17h58m40s, Maia surgiu na imagem apontando para o veículo, sugerindo que Costa realizasse uma nova vistoria, quando encontrou uma cápsula no assoalho.
Ainda durante a nova vistoria, ele abriu o porta-malas e encontrou um fuzil. Portanto, com base nos registros, o MP-SP acredita que a cápsula deflagrada e o fuzil foram plantados quando não havia policiais com COPs por perto.
SSP-SP
Procurada pelo g1, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) não se manifestou até a publicação desta matéria.
Versão dos agentes
Na versão dos PMs, quatro agentes averiguavam uma denúncia sobre um homem transportando armas em um carro Jeep Compass. Ele foi baleado após desobedecer a uma ordem de parada e jogar o carro contra a viatura.
Ainda segundo os PMs, Allan teria disparado com uma pistola contra os policiais e levava um fuzil no porta-malas. Um agente teria respondido à suposta agressão com quatro tiros de fuzil e outro com quatro tiros de pistola.
Allan foi socorrido e levado até a Santa Casa, mas já chegou morto ao hospital.
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