O Ministério Público Federal (MPF) denunciou seis policiais rodoviários federais e outros quatro policiais militares de Minas Gerais que participaram de uma operação conjunta que resultou na morte de 26 suspeitos de fazerem parte de uma quadrilha de assaltantes do “novo cangaço”, em 2021, na cidade de Varginha (MG).
Os policiais foram denunciados por cinco das mortes, onde o MPF viu indício de crime, além de fraude processual por simulação de resistência e alterações da cena do crime.
No caso das outras 21 mortes, o MPF promoveu o arquivamento da investigação feita pela Polícia Federal por considerar que “a ação policial foi legítima, tendo como finalidade o exercício de legítima defesa preventiva.”
PRF reintegra agentes indiciados por participação em operação que deixou 26 mortos em MG
As informações estão no texto da denúncia apresentada à Justiça Federal no dia 15 de agosto, à qual a TV Globo teve acesso. O caso corre sob sigilo.
A operação
O caso aconteceu em outubro de 2021. Policiais rodoviários federais, com o apoio de policiais militares de Minas Gerais, invadiram dois sítios em Varginha onde estavam homens suspeitos de pertencer a uma quadrilha de roubos a bancos e que se preparavam para um ataque no estilo “novo cangaço” ou “domínio de cidade.”
A operação resultou na morte de 26 suspeitos e na apreensão de uma grande quantidade de armas, munições e explosivos.
Em depoimento, os policiais que participaram da operação alegaram que houve troca de tiro. Nenhum policial ficou ferido.
O inquérito da Polícia Federal, entretanto, concluiu que não houve confronto e que os suspeitos foram executados pelos policiais.
Os peritos da PF encontraram, ao todo, 310 cápsulas de balas. Mas desse total, apenas 20 foram disparadas pelas armas dos bandidos, e, segundo a investigação, alguns tiros foram forjados.
No total, a Polícia Federal pediu o indiciamento de 22 policiais rodoviários federais e 16 policiais militares por crimes de homicídio, fraude processual e tortura.
Armamento utilizado por suspeitos de integrar quadrilha de roubos a bancos que foram mortos em Varginha (MG)
Franco Junior/g1
Assassinatos
Para o MPF, houve execução em cinco das 26 mortes. Essas vítimas, aponta a denúncia, foram mortas em situação em que não ofereciam risco aos agentes.
Dois desses homens, segundo apontou a investigação da Polícia Federal, haviam sido rendidos horas antes por agentes da PRF em um posto de combustível. Imagens de câmeras desse posto, juntadas ao inquérito, mostram o momento da abordagem.
Os outros três casos são de suspeitos que estavam em um dos sítios e tentaram fugir quando os agentes invadiram o local.