Mostra destaca a artista maranhense Gê Viana e propõe uma experiência imersiva sobre os futuros possíveis para as cidades da região. A visitação é gratuita e segue até o dia 30 de junho. Exposição em São Luís propõe diálogo entre arte, ancestralidade e futuro urbano
Neste mês junho, que é dedicado ao meio ambiente, São Luís recebe um convite à escuta, ao olhar profundo e à reflexão crítica sobre o presente e o futuro da Amazônia. A exposição “Passado, Presente e Futuros” será inaugurada nesta quarta-feira (4), às 19h, no Museu de Artes Visuais (MAV), no Centro Histórico da capital maranhense. A visitação é gratuita e segue até o dia 30 de junho.
A mostra integra o Museu Itinerante da Amazônia (MIA), projeto do Laboratório da Cidade, que desde 2022 percorre o país propondo experiências sensoriais e políticas sobre os modos de viver, resistir e imaginar na Amazônia urbana.
Museu de Artes Visuais de São Luís recebe exposição itinerante sobre a Amazônia
Divulgação/Assessoria
Em São Luís, a exposição ganha uma nova camada de sentido, ao incorporar o trabalho inédito da artista Gê Viana, cujas obras brotam do cruzamento entre arte, memória afro-indígena e denúncia social.
“Cada cidade transforma o MIA. Em São Luís, buscamos dialogar com a história e as urgências locais, usando arte, mapas e dados para refletir sobre como as cidades foram construídas e como podem ser reconstruídas com base nos saberes ancestrais. A exposição valoriza modos de vida tradicionais e o respeito aos biomas, ensinamentos dos povos originários”, afirma Jade Jares, curadora e coordenadora do projeto.
O MIA mistura cartografias afetivas e políticas, fotografias aéreas, vídeos, obras digitais e instalações que revelam o impacto da urbanização desenfreada e das mudanças climáticas sobre os ecossistemas amazônicos. A proposta é tornar visível o que muitas vezes é invisibilizado: as formas de resistência e de criação de futuro que emergem dos territórios.
Gê Viana: o território como resistência
Obra “Para estratégias de sobrevivência, as maiores tecnologias são as nossas”, de Gê Viana.
Divulgação/Assessoria
A obra de Gê Viana que integra a mostra se intitula “Para estratégias de sobrevivência, as maiores tecnologias são as nossas” — um manifesto visual e poético que reflete sobre o enfrentamento cotidiano das comunidades frente à política de morte imposta ao território.
“Minhas obras são como manguezais: têm raízes que nunca se desconectam. Elas nascem das histórias contadas por pessoas antigas, das conversas entre minha avó e suas filhas. São parte do que me antecede, mas também do que ainda resiste no presente. A colagem é meu instrumento central, e com ela misturo arquivos históricos, memória, performance, cinema, fotografia e palavra”, explica Gê.
Artista visual maranhense Gê Viana.
Divulgação/Assessoria
A artista critica diretamente as formas contemporâneas de destruição do ecossistema maranhense e aponta a urgência de retomar o cuidado ancestral com a terra.
“Estamos constantemente sendo atacados por uma política de morte. O Maranhão é uma terra indígena e afro-pindorâmica, como nos ensinou o mestre Nego Bispo, mas o que vemos é um projeto de higienização social e ambiental. A duplicação das orlas, o avanço do agro, o desmatamento — tudo isso retira a dignidade das comunidades que sempre viveram nesses territórios. São Luís é hoje a capital com menos árvores no país. Precisamos remanejar o concreto e assegurar a vida desse jardim de manguezais, desse jardim amazônico”, afirma.
Experiência sensorial e crítica urbana
Museu de Artes Visuais de São Luís recebe exposição itinerante sobre a Amazônia
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Além da participação de Gê Viana, o público encontrará instalações interativas, montagens digitais e imagens comparativas entre cidades amazônicas. Fotografias feitas por drones revelam como Belém, Manaus e agora São Luís se relacionam com suas águas, seu solo e seus ecossistemas. Um dos destaques visuais é a série de imagens do artista César Oliveira, que usa inteligência artificial para imaginar futuros distópicos a partir de marcos urbanos reais.
“O MIA é também uma experiência de escuta. Recolhemos dados, mapas e memórias em cada cidade por onde passamos. O objetivo é dialogar com a comunidade local e fortalecer frentes de justiça ambiental por meio da cultura”, afirma Jade Jares. “Antes da COP30, que será realizada no Brasil, queremos mostrar que as cidades da Amazônia já estão produzindo respostas e visões críticas sobre o futuro”, completa.
Serviço
Exposição “MIA – Passado, Presente e Futuros”
📍 Museu de Artes Visuais (MAV) – Rua Portugal, 273, Praia Grande, São Luís (MA)
🗓 Abertura: 4 de junho, às 19h
🕒 Visitação: até 30 de junho
🎟 Entrada gratuita
📩 Agendamento de visitas guiadas: comunicacao@labdacidade.org
📱 Redes sociais: @labdacidade