
Iniciativa tem realizado mutirões com o apoio de 72 voluntários de uma comunidade em Bujaru, com o objetivo de contribuir para a preservação ambiental e promover a conscientização sobre a importância da limpeza das águas. Mutirão de limpeza
Divulgação/Projeto
No Dia Mundial da Água, celebrado neste sábado (22), o projeto de uma comunidade se destaca ao realizar ações de limpeza e revitalização em um igarapé do município de Bujaru, nordeste do Pará.
A iniciativa tem realizado mutirões com o apoio de 72 voluntários da comunidade Baixo Igarapézinho, com o objetivo de contribuir para a preservação ambiental e promover a conscientização sobre a importância da limpeza das águas.
💧 Na Amazônia, os famosos igarapés são cursos de água estreitos e pouco profundos que correm pelo interior das matas. A maioria dos igarapés tem águas escuras devido aos ácidos liberados durante o processo de decomposição de folhas e troncos.
Igarapézinho em Bujaru/Pa
Divulgação/Projeto
Thiago Gaia da Silva, morador da comunidade, explica que a importância do mutirão é resgatar a cultura da utilização dos igarapés, que segundo ele, estavam abandonados.
Vimos que o igarapé estava em uma situação de completo abandono, não dava nem para se locomover. Tivemos a ideia de limpar o igarapé, estamos na 9° limpeza e está dando certo. É muito importante para nossa comunidade pois muitas famílias utilizam o igarapé, para tomar banho, para pescar, entre outras coisas
Elielson Silva, pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA), relata que, anos atrás, o Igarapézinho — anteriormente conhecido como Igarapé Santa Maria — era navegável. Barcos de pequeno e médio porte circulavam por suas águas, realizando rotas entre as cidades de Belém e Bujaru.
Porém, com o passar do tempo, principalmente após a abertura da Alça Viária, os igarapés foram sendo negligenciados e abandonados. Como resultado, tanto o Igarapézinho quanto outros igarapés da região se tornaram difíceis de navegar, devido ao acúmulo de sedimentos, entulhos e cerrados, como árvores caídas sobre o leito do rio.
Essa perda de conexão com o rio e os igarapés, provocou perdas de referências culturais e enfraqueceu os vínculos da comunidade com o seu principal patrimônio natural.
🚨 Ainda segundo o pesquisador, três fatores agravaram a situação de abandono do igarapé:
A abertura de ramais, pois segundo ele, se por um lado facilitou a circulação, por outro provocou o aterramento de vários pequenos afluentes do igarapé, comprometendo o microclima, a ictiofauna e a vazão da água.
O recente asfaltamento da rodovia Perna Leste, uma estrada que fica localizada entre os municípios de Bujaru e Acará. Pois sem o devido cuidado ambiental, a estrada aterrou parte da nascente do igarapé.
E também, o fato de a nascente de um afluente importante do igarapé ter sido completamente desmatada por um fazendeiro.
Mutirão em uma das ações de limpexa.
Divulgação/Projeto
Edvaldo Farias Chermont, morador da comunidade São Francisco de Assis, em Bujaru, conta que após a abertura dos ramais para a travessia do Rio Guamá, o Igarapé parou de ser utilizado.
Ao todo, já foram realizados nove mutirões de limpeza, com a participação de 72 pessoas. O movimento reacendeu a mobilização comunitária. Para os voluntário, o trabalho de limpeza visa enfrentar essas questões de abandono, e tem como objetivo central conscientizar e mobilizar as pessoas acerca da importância de recuperar as funções ecossistêmicas e a navegabilidade do Igarapézinho.
Mutirão de limpeza
Divulgação/Projeto
Vídeos com as principais notícias do Pará