Oito membros da organização foram presos durante uma operação na última terça-feira (17) em Alagoas e Sergipe. Prejuízo causado pelo grupo é de R$ 197 milhões. Promotor Cyro Blatt fala sobre Operação Placebo do MP
Um carroceiro e um morador de rua foram algumas das pessoas utilizadas como laranjas pela organização criminosa alvo da Operação Placebo, realizada em Alagoas, Bahia e Sergipe. Oito pessoas foram presas e duas estão foragidas suspeitas de corrupção de agentes públicos, lavagem de bens e falsificação de documentos.
A informação foi passada pelo promotor Cyro Blatter nesta sexta-feira (20), na sede do Ministério Público de Alagoas (MP-AL), que comandou as investigações. A operação foi iniciada na terça (17).
Estima-se que o grupo criminoso tenha causado prejuízo de R$ 197 milhões aos cofres públicos, calculado e atualizado até junho de 2018. O montante engloba imposto sonegado, multas, juros e correção monetária.
De acordo com o promotor, pessoas sem condições financeiras de manter uma empresa eram aliciadas e nomeadas “sócias”, assinando os papéis e se tornando donas das distribuidoras de medicamentos de fachada.
“Eles encontraram um morador de rua, ofereceram R$ 100 para ele assinar e passa a empresa para seu nome. A partir daí ele assumiu a empresa e hoje deve R$ 90 milhões ao Estado, assim como o carroceiro”, explicou o promotor.
O morador de rua foi identificado como Paulo Henrique Silva dos Santos, e o carroceiro como João Otaviano Vasconcelos. Ambos não sabiam da dívida que existem em seus nomes.
Em entrevista coletiva à imprensa, o Ministério Público do Estado de Alagoas detalhou como agia a organização criminosa
Thamires Ribeiro/G1
Segundo o promotor de Justiça Kleber Valadares, toda a ação criminosa era realizada por um grupo societário, nominado Grupo Monteiro.
“O chefe da organização criminosa, Antônio Monteiro, era responsável por abrir diversas empresas, colocar laranjas, fazer alternações societárias, mudar os sócios, confundir o Fisco e com isso burlar o Estado e fazer a sonegação fiscal. E quando ele se encontrava com uma dívida milionária, ele buscava dissolver a empresa, gerando um rombo no estado”, explicou.
Foram presos em Sergipe os empresários Antônio Monteiro dos Santos; Vanessa Veras Ribeiro, considerada seu “braço direito”; Jenisson Paulino da Silva Ribeiro; e Arnaldo Monteiro dos Santos.
Segundo apontam as investigações, o auditor-fiscal Carlos Antônio Nobre e Silva, preso em Alagoas, pediu a propina de R$ 100 mil para não aplicar a multa de R$ 1 milhão à empresa do grupo.
Além dele, foram presos em Alagoas os empresários Márcio André de Lira, Erasmo Alves da Silva Filho, e o contador Benedito Alves dos Santos Júnior.
A Justiça também expediu mandado de prisão para as empresárias na Bahia Maria Edenilce Monteiro dos Santos e a filha dela, Sílvia Santos Borges. Segundo o MP-AL, elas são consideradas foragidas.
Durante a operação foram apreendidos 9 veículos de luxo, 23 carretas de remédio, além do bloqueio de bens e imóveis de todos os acusados. Segundo as investigações 30 empresas da Bahia, Sergipe e Alagoas foram investigadas, a maioria com o nome fantasia de Holy Farm.
As investigações tiveram início em novembro de 2017 e a operação foi comandada pelo Grupo de Atuação Especial em Sonegação Fiscal e Lavagem de Bens (Gaef), composta por membros do Ministério Público, Procuradoria Geral do Estado, Secretaria de Estado da Fazenda e Polícia Civil.
Medicamentos também foram apreendidos na operação que cumpriu mandados em Alagoas, Sergipe e Bahia
Reprodução/TV Gazeta
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