Pastor e advogado são alvos de operação que investiga fraudes em licitações para serviços de limpeza no RS
Polícia Civil e Ministério Público/Divulgação
Um pastor e um advogado foram presos sob suspeita de fraudar licitações para prestar serviços de limpeza e higienização em órgãos públicos do Rio Grande do Sul por meio de empresas das quais são proprietários. Os valores dos contratos somam mais de R$ 60 milhões. Os dois são alvos de uma operação da Polícia Civil nesta segunda-feira (1º).
Segundo o delegado Augusto Zenon, responsável pela Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública Municipal (DPRCAPM), os serviços eram prestados para a Secretaria Estadual de Educação e para o IPE Prev.
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No total, a polícia cumpre dois mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão. Os nomes dos empresários não foram divulgados, mas a RBS TV apurou que são Carlos Alberto Serba Varreira e Renato Carlos Walter. As prisões aconteceram nas casas deles em Butiá e em Porto Alegre.
Carlos é conhecido como Pastor Carlos Elshaddai e tem presença ativa nas redes sociais. Já Renato Walter é advogado. As empresas investigadas são a JQL Serviços Terceirizados e Porto Serviços Terceirizados.
A RBS TV tenta contato com os dois suspeitos. Consultada pela Polícia Civil, a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (CAGE) informou que “indícios concretos de que as empresas utilizam de meios fraudulentos para simular concorrências em processos licitatórios com o Estado do Rio Grande do Sul”.
Empresários são alvos de operação que investiga fraudes em licitações para serviços de limpeza no RS
Polícia Civil/Divulgação
Investigações
As investigações da polícia indicam que os suspeitos articulavam a participação de empresas vinculadas entre si para forjar disputas licitatórias, comprometendo a lisura dos certames e direcionando os resultados, além de utilizar laranjas como sócios para participar das concorrências públicas.
“A suspeita é de que eles utilizassem esse grupo de empresas para redução artificial dos custos operacionais das empresas mediante a violação de direitos trabalhistas — como o não pagamento ou atraso de salários, encargos e benefícios – para evitar o pagamento de direitos aos trabalhadores, além de seguir participando das licitações utilizando o nome de outras pessoas”, destacou o delegado Zenon.
Os dois empresários já foram alvos de investigação da Polícia Federal (PF) em 2020, quando estavam sob suspeita de usar laranjas para ocultar a lavagem de dinheiro público desviado. Na época, era investigado um esquema de desvios de dinheiro da área da saúde em Rio Pardo.
As investigações sobre Varreira e Walter avançaram com a suspeita de irregularidades através da empresa SV Apoio Logístico, que prestava serviços para a prefeitura de Porto Alegre e para o governo do Estado. Além de utilizar laranjas no esquema, havia indícios de que os suspeitos deixavam de pagar direitos trabalhistas e previdenciários aos funcionários terceirizados. O Ministério Público (MP) ingressou na Justiça com uma Ação Civil Pública, que decidiu pela suspensão dos contratos da SV com o Estado e com o município de Porto Alegre em 2025.
Empresários são alvos de operação que investiga fraudes em licitações para serviços de limpeza no RS
Polícia Civil/Divulgação
Bens ocultados
A Polícia Civil foi atrás dos proprietários das empresas e descobriu que eles viviam em locais modestos, incompatíveis com a renda que tinham. Um dos supostos sócios dos empresários chegou a admitir a policiais que havia emprestado seu nome a uma empresa. A Polícia Civil também identificou que Carlos Varella utilizou os dados de um laranja e a empresa para ocultar a compra de um carro de luxo.
Segundo o delegado Zenon, outra situação chamou a atenção da polícia – durante um processo licitatório, uma empresa entrado com recurso em favor de outra empresa. Além disso, durante as investigações, apontaram que nos pregões, as empresas Porto e JQL enviaram lances utilizando o mesmo endereço de IP, indicando que, apesar de serem formalmente separadas, operavam a partir de um mesmo local físico para fraudar a competitividade das concorrências.
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