Pergunta do quadro do ‘Domingão com Huck’ era sobre o ano da primeira fotografia. Entenda por que a resposta correta era 1826, na França. Clécio Mello participa do Quem Quer Ser Um Milionário
Reprodução/Globo
O metalúrgico Clécio Melo, de Piracicaba (SP), participou do quadro “Quem Quer Ser um Milionário”, exibido no Domingão com Huck, no último domingo (1º). Ele chegou até uma das etapas mais difíceis do jogo, a pergunta de R$ 1 milhão.
Nessa fase, seu desafio era responder a seguinte questão: Em que ano foi tirada a primeira fotografia? As opções eram as seguintes:
a) 1877 na Bélgica
b) 1826 na França (alternativa correta) ✅
c) 1859 na Inglaterra
d) 1848 na Alemanha
Clécio, em vez de arriscar uma resposta que poderia custar todo o dinheiro acumulado, preferiu sair do programa com os R$ 500 mil que já havia conquistado.
📸 Mas e você, saberia qual era a alternativa correta?
Nesta reportagem, vamos explicar isso e trazer uma história curiosa sobre a fotografia no Brasil.
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Clécio Mello conquista meio milhão de reais no ‘Quem Quer Ser Um Milionário’
Reprodução/Globo
As pegadinhas
Para quem não conhece a fundo a história da fotografia, as alternativas poderiam parecer bastante confusas. Afinal, cada uma menciona um país europeu diferente e uma data que parece plausível:
a) Primeiro, 1877 na Bélgica soa como uma data factível porque, nessa época, a fotografia já era amplamente utilizada na Europa. No entanto, a primeira fotografia registrada aconteceu muito antes disso.
b) Essa era a alternativa correta, 1826 na França ✅
c) Já 1859 na Inglaterra também poderia confundir. Afinal, a Inglaterra foi um grande centro de avanços científicos e industriais durante o século XIX. Contudo, a fotografia nasceu na França.
d) Por fim, 1848 na Alemanha é outra opção enganosa. A Alemanha sempre esteve na vanguarda de muitas descobertas científicas, mas não foi lá que a primeira imagem foi capturada.
Já a alternativa correta, “b) 1826 na França”, está relacionada ao inventor Joseph Nicéphore Niépce. Foi ele quem produziu a primeira fotografia da história, chamada “Vista da Janela em Le Gras” (veja abaixo).
Vista da Janela em Le Gras, a primeira ‘fotografia’ da história.
Wikimedia/Domínio Público
Niépce nasceu na França em 1765 e, além de fotógrafo, foi inventor e cientista. Em 1807, ele e seu irmão Claude inventaram o primeiro motor de combustão interna, mas foi através de suas experiências fotográficas que ele ganhou notoriedade.
Para criar a imagem de “Vista da Janela em Le Gras”, Niépce usou uma técnica chamada de heliografia em que aplicou betume da Judeia, um tipo de asfalto, dissolvido em um líquido sobre uma placa de estanho.
Essa placa foi então exposta à luz por cerca de 8 horas dentro de uma câmara escura, o que fez com que a parte exposta à luz se endurecesse, formando a imagem permanente.
Quando exposta à luz em uma câmara escura, a substância endurecia, criando uma imagem permanente após a lavagem com óleo de lavanda e terebintina (um tipo de diluente).
Hoje a foto faz parte da coleção Gernsheim na Universidade do Texas, nos Estados Unidos.
O daguerreótipo e o Brasil
Um detalhe interessante nessa história é que em 1829, Niépce se uniu a um outro francês chamado Louis Daguerre para melhorar seu processo de fotografia.
Juntos, eles fizeram ajustes e, em 1832, introduziram uma nova técnica, que reduzia o tempo de exposição para apenas um dia, uma mudança possível com o uso de resíduos de óleo de lavanda.
Niépce morreu em 1833, e foi Daguerre quem, em 1838, inventou o daguerreótipo, o primeiro processo fotográfico que incluía uma fase de “desenvolvimento”.
Nesse método, uma placa de prata coberta com uma camada fina de iodeto de prata era exposta à luz, e depois colocada em vapores de mercúrio para revelar a imagem invisível.
Uma câmara de daguerreótipo.
Wikimedia/Domínio Público
Mas o que muitos não sabem é que o Brasil também teve um papel importante nos primórdios da fotografia. Um francês chamado Hercule Florence, que morava no interior de São Paulo, em Campinas, começou a fazer experimentos semelhantes em 1832.
Ele estava tentando encontrar um jeito de “gravar” as imagens que apareciam em uma câmera escura. Em suas anotações, Florence chegou a usar o termo photographie antes mesmo de o processo ser popularizado na Europa.
Porém, como Florence estava isolado e sem acesso aos grandes centros científicos da época, suas inovações ficaram desconhecidas por muito tempo.
Como mostrou o g1, foi só em 1976, mais de 140 anos depois, que o pesquisador brasileiro Boris Kossoy conseguiu comprovar que Hercule Florence havia, de fato, feito uma grande contribuição para a história da fotografia.
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