Rachel Reis canta 15 músicas no segundo álbum, ‘Divina casca’, programado para ser lançado às 21h de amanhã, 15 de abril
Érico Toscano / Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Divina casca
Artista: Rachel Reis
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♬ A quarta das 15 músicas do segundo álbum de Rachel Reis – Divina casca, no mundo a partir das 21h de amanhã, 15 de abril, com repertório essencialmente autoral – se chama Jorge Ben. Sem ser tributo explícito ao cantor, compositor e violonista carioca que descortinou admirável mundo novo na música brasileira a partir de 1963, Jorge Ben é ode ao amor feita na forma de samba eletroacústico, conduzido de início pelo violão de Barro e pela percussões de Rafael Peixoto e do mesmo Barro.
O título do samba é sintomático porque, em essência, Rachel Reis também descende da matriz da bossa negra de Jorge Ben Jor, um dos pilares da música preta brasileira. Com Divina casca, título que sucede o álbum Meu esquema (2022) na discografia de Rachel Reis, a cantora e compositora baiana se (a)firma no país do suingue tropical, como já sinalizaram os singles Ensolarada (2024) – parceria da artista com RDD, produtor da faixa – e Deixa molhar (2025), este editado em janeiro com música aliciante de Rachel Reis com Bruna Magalhães.
Nascida em Feira de Santana (BA) há 28 anos, a nova baiana salpica referências da terra natal ao longo das 15 faixas do álbum Divina casca, mas liga as raízes nas antenas que captam a contemporaneidade do som universal. Alvoroço (Rachel Reis, Russo Passapusso e Sekobass) é samba turbinado com a batida da BaianaSystem.
“Eu não sou diferente de ninguém / É que tem mel que só na Bahia tem / E há quem venha aqui dizer que quase um de nós / Pra ver se a faísca pega e acende também”, ostenta e alfineta a baiana em Apavoro, pagodão aditivado com o toque do Psirico, grupo personificado no imaginário popular na figura do vocalista e percussionista Marcio Victor.
Com o mesmo balanço romântico sensual que embala Noite adentro, faixa produzida por Iuri Rui Branco, a cantora emerge com abordagem contemporânea de Sexy yemanjá (Pepeu Gomes e Tavinho Paes, 1993), música com o qual o velho sempre novo baiano Pepeu Gomes voltou à tona no mercado há 32 anos com mergulho no mar de referências rítmicas do universo da axé music.
Em tom mais crítico e politico, mas sem desviar do tom afirmativo e pessoal do repertório autoral, Rachel Reis joga os códigos do hip hop em Tabuleiro (Rachel Reis, Don L, Iuri Rio Branco e Rincon Sapiência), faixa na qual a artista agrega os rappers Don L e Rincon Sapiência, além da cantora baiana Nêssa.
Com azeitada produção musical dividida entre Barro e Guilherme Assis (dupla responsável por faixas como O maior evento de sua vida e Furacão, música de Rachel com Mariana Volker), Iuri Rio Brando, RDD (que formatou Aquele beijo com Diogo Strausz) e Tomás Loureiro (produtor de Caju – Noda), o álbum Divina Casca tem unidade, talvez por ter sido inteiramente gravado sob a direção musical da própria Rachel Reis.
No todo, o disco roça o bom nível do antecessor Meu esquema, firmando o nome da artista. O canto da sereia continua sedutor.
Capa do álbum ‘Divina casca’, de Rachel Reis
Érico Toscano / Divulgação