Documento reúne dados durante o período das Semanas Epidemiológicas (SE) 48 a 50, quando o total de 28 casos de Covid-19 foram confirmados na Casai. Ministério da Saúde informou que está ciente do alerta e diz que monitora a situação. Equipe médica das Forças Armadas examinam indígena Yanomami em Surucucu
Adriano Machado/Reuters/Arquivo
Um relatório produzido pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) alertou para o aumento do número de casos de Covid-19 entre indígenas na Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami e Yek’wana (Casai-YY), em Boa Vista. O alerta epidemiológico é da última terça-feira (16).
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O documento reúne dados durante o período de 24 de novembro a 14 dezembro, quando o total de 28 casos de Covid-19 foram confirmados na Casai. Em um intervalo de duas semanas, os resultados positivos saíram de dois para 22 (veja detalhes abaixo).
Procurada sobre o assunto, a pasta informou que está ciente do alerta e que monitora a situação “para garantir assistência adequada”. Detalhou ainda que medidas de preventivas e de controle já estão em execução.
Do total, 25 casos foram em indígenas e três em profissionais de saúde. Além disso, mais três trabalhadores da Casai testaram positivo para a doença em exames realizados fora da unidade. Dentro do período analisado, a semana epidemiológica 50, que corresponde ao período de 08 a 14 de dezembro, foi a com mais casos confirmados.
Semana 48 (24 a 30/11): Foram realizados 140 testes, com 2 resultados positivos;
Semana 49 (01 a 07/12): Foram realizados 98 testes, com 4 resultados positivos;
Semana 50 (08 a 14/12): Foram realizados 140 testes, com 22 resultados positivo.
Além de alertar sobre o aumento da circulação da doença na unidade, o documento faz recomendações para prevenção, controle e tratamento da Covid-19 para gestores de saúde, populações indígenas e parceiros.
As recomendações incluem a intensificação da vacinação para profissionais e a população indígena. É recomendado também o fortalecimento das medidas como o distanciamento social, a adequação das unidades de saúde, a promoção de higiene das mãos, a distribuição de máscaras e o isolamento de casos suspeitos e confirmados
O relatório também cita a importância da educação continuada para as equipes de saúde, incluindo Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN). As ações de educação devem abordar fatores de risco, comportamentos de proteção e medidas de prevenção e controle da Covid-19.
Outra estratégia apontada é ampliar a testagem e os atendimentos, com a Busca Ativa (BA) e rastreamento de contatos, incluindo as comunidades dos indígenas que testaram positivo. As unidades de saúde devem reforçar o fluxo de atendimento e garantir a transferência de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) para unidades hospitalares.
O documento também recomenda o reforço dos fluxos de testagem e vacinação na Casai, além de ações comunicação e educação em saúde na língua materna, sempre que possível.
Os protocolos sanitários de entrada no território indígena devem ser rigorosamente seguidos, com atenção especial aos territórios que abrigam Povos Isolados e de Recente Contato (PIRC). As Centrais de Assistência Farmacêutica (CAF) devem avaliar e garantir a disponibilização de insumos, incluindo Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e medicamentos.
Em novembro de 2020, à época da pandemia da Covid-19, um relatório apontou que a doença havia aumentado 250% em três meses dentro do território. Os primeiros casos da doença na região foram registrados em abril do mesmo ano na terra Yanomami.
No mesmo mês, um adolescente, de 15 anos, foi a primeira vítima fatal da doença. Ele ficou internado por seis dias no Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista. Um estudo elaborado pelo Instituto Socioambiental (Isa), parceiro no relatório, e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontou que a Terra Yanomami era a mais vulnerável ao coronavírus entre as regiões indígenas da Amazônia.
Maior Terra Indígena do Brasil, a Terra Yanomami fica entre os estados de Roraima e Amazonas e tem uma população de mais de 30 mil indígenas – incluindo grupos isolados.
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