O esquema bilionário de fraudes no INSS foi alvo de uma operação realizada nesta quarta-feira (23). Documento indica que as irregularidades também podem ter ocorrido no estado. Agência do INSS do Parque Solon de Lucena, em João Pessoa
Diogo Almeida/G1
A Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou indícios de descontos não autorizados em contracheques de beneficiários do INSS na Paraíba, incluindo aposentados e pensionistas, feitos por entidades associativas. O relatório aponta que todos os paraibanos entrevistados para o levantamento relataram descontos indevidos.
O esquema bilionário de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi alvo de uma operação realizada nesta quarta-feira (23) pela Polícia Federal (PF) e pela CGU. Embora a Paraíba não esteja entre os estados onde a ação foi deflagrada, o documento, publicado em setembro do ano passado, indica que as irregularidades também podem ter ocorrido no estado.
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O documento afirma que 52 paraibanos foram entrevistados, e todos relataram não ter autorizado o desconto da mensalidade associativa. O relatório não menciona o montante irregular referente à Paraíba, mas, em âmbito nacional, os desvios podem chegar a R$ 6,3 bilhões, segundo estimativas.
Além da Paraíba, o relatório aponta que 100% dos beneficiários entrevistados do Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Amapá, Amazonas e Acre também tiveram descontos indevidos. Em estados como Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal e Goiás o percentual de relatos de descontos foi superior a 96%. Já no Espírito Santo, 89,7% dos entrevistados relataram os descontos.
Na média nacional, 97,6% dos entrevistados disseram nunca ter autorizado esse tipo de cobrança, e 95,9% afirmaram sequer fazer parte de qualquer associação.
Segundo o documento, assim como em outros estados, os entrevistados paraibanos apontaram desconhecimento sobre os descontos e relataram dificuldades para cancelá-los, especialmente diante das exigências de acesso digital e da falta de orientação.
O relatório também destaca que parte considerável das vítimas não sabia da existência do aplicativo Meu INSS, que é a principal ferramenta para consultar extratos e fazer bloqueios.
A CGU recomendou ao INSS o bloqueio imediato de novos descontos, a revisão dos acordos com entidades que apresentaram indícios de irregularidades e melhorias no controle e na transparência desses processos.
Entenda
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) fizeram uma operação nesta quarta-feira (23) em 13 estados e no Distrito Federal contra fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
As entidades investigadas cobravam mensalidades de aposentados e pensionistas, sem autorização. Os desvios ocorreram entre 2019 e 2024 e podem chegar a R$ 6,3 bilhões, segundo as estimativas.
As associações ofereciam serviços sem ter estrutura, como desconto em academias e planos de saúde, e falsificavam as assinaturas dos beneficiários do INSS, explicou o ministro da CGU, Vinícius Carvalho, em coletiva.
Seis servidores públicos foram afastados de suas funções, entre eles o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi demitido em seguida.
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