Estado registrou taxa de 5,4 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes, percentual maior do que o registrado em toda a região da Amazônia Legal brasileira. Em 2023, 17 mulheres foram mortas no estado, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Taxa de assassinato de mulheres em Roraima é de 5,4 por 100 mil habitantes.
G1/Arquivo
Roraima é o terceiro estado mais letal para mulheres na Amazônia Legal brasileira, com taxa de 5,4 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes — número acima dos 4,7 registrados na região. É o que mostra a 3ª edição do estudo “Cartografias da violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quarta-feira (11).
A Amazônia Legal é formada por nove estados: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e por parte do Maranhão, num total de 772 municípios. A área foi delimitada em 1953 por uma lei federal com o objetivo de criar políticas para o desenvolvimento socioeconômico da região.
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De acordo com os dados, 17 mulheres foram mortas no estado em 2023, uma taxa de 5,4 assassinatos de mulheres por 100 mil habitantes. No ano anterior, foram 19 homicídios femininos.
➡️ Essas mortes são classificadas como homicídio de mulheres e não como feminicídio, o assassinato motivado pelo fato de a vítima ser mulher.
O percentual do estado fica atrás apenas do registrado no Amazonas (6,4) e em Rondônia (6,1). Em toda a Amazônia Legal, a taxa foi de 4,7 para 100 mil habitantes, superior a média nacional, de 3,8 homicídios femininos.
O levantamento mostra que no caso do feminicídio, Roraima teve um alta de 100% no ano passado, uma taxa de 1,9 por 100 mil habitantes. Foram três mortes em 2022 e seis em 2023. O índice mais alto é de Rondônia: 2,6.
O feminicídio é uma qualificadora de homicídio, que define que o crime acontece quando a vítima é morta em um contexto de violência doméstica, ou por menosprezo à condição de mulher. A pena é de 20 a 40 anos de prisão.
Para o estudo do Fórum de Segurança, os números da violência letal de mulheres na região amazônica podem estar subnotificados, devido “a dificuldade que os sistemas de segurança pública e justiça criminal ainda têm de reconhecer e classificar essa forma de violência de forma adequada”.
Antonia Sousa morreu com um tiro na cabeça na calçada de sua casa, em Boa Vista (RR).
Reprodução/Arquivo
Um dos casos mais emblemáticos de 2023 foi o de Antônia Araújo de Sousa, de 52 anos, mãe de uma das filhas do ex-senador da República Telmário Mota, preso por suspeita de ter mandado matá-la.
Antônia de Sousa foi assassinada com um tiro na cabeça no dia 29 de setembro de 2023, quando saía de casa para trabalhar, no bairro Senador Hélio Campos, zona Oeste de Boa Vista, capital de Roraima.
A vítima era uma das principais testemunhas sobre as investigações que envolviam uma acusação de estupro contra o ex-senador, segundo a Justiça. A denúncia foi feita pela filha dele, em 2022. Antonia foi assassinada três dias antes de uma audiência sobre o caso.
Outro caso foi o de Francineide Guedes Silveira, de 50 anos, encontrada morta no bairro Buritis, também na zona Oeste de Boa Vista, com uma tesoura cravada no corpo, em novembro do ano passado. Ela foi assassinada no apartamento onde morava com o marido, o principal suspeito do crime.
Juliane Feitosa de Araújo, de 24 anos, morreu no dia 12 de abril de 2023.
Arquivo Pessoal
Meses antes, em abril, a jovem Juliane Feitosa de Araújo, de 24 anos, foi morta a tiros em frente à própria casa no bairro Silvio Leite, na capital. Um inquérito da Polícia Civil apontou três suspeitos de participação no crime: um ex-cunhado de Juliane, apontado como mandante, e mais dois homens.
Ela estava sentada na frente de casa quando um suspeito chegou, anunciou um assalto e a matou com quatro tiros na frente de uma amiga. As duas tiveram os celulares roubados, mas somente Juliane foi baleada.
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Mortes violentas intencionais
O estudo também revelou que o número de mortes violentas intencionais caiu 6,2% na Amazônia Legal, mas ainda é 41,5% maior do que a média nacional. Nesse cenário, ele analisou o triênio de 2021 a 2023.
No ano passado, 8.603 pessoas morreram violentamente na região, contra 9.096 mortes em 2021. A taxa de mortes violentas na Amazônia Legal é de 32,3 a cada 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 22,8.
🚨 O índice mais violento da Amazônia Legal – e do Brasil – é o do Amapá: 69,9 por 100 mil habitantes. O estado é seguido pelo Amazonas (35,6) e o Pará (32,8), que tem município mais violento da região.
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