Quem usa o serviço afirma colecionar protocolos sem solução. Prefeitura atribui problema às reclamações duplicadas. O número de solicitações registradas pelo canal 156 da Prefeitura de Campinas (SP) cresceu nos primeiros três meses de 2025. Foram 22 mil, cerca de 15,7% mais do que no mesmo período do ano passado. No entanto, quem usa o serviço reclama que nem sempre tem resposta para as solicitações registradas.
A EPTV, afiliada da TV Globo, visitou pontos da cidade que são alvo dessas demandas sem solução, como é o caso da Rua Doutor Lauro Pimentel, na Cidade Universitária, onde moradores chegaram a fazer uma ‘vaquinha’ para pagar a limpeza de um terreno abandonado que acumula mato alto atrai pragas (veja o relato abaixo).
A administração municipal afirma que o índice de resposta às reclamações gira em torno de 60%, mas admite que existe uma dificuldade em reunir os diversos chamados sobre um mesmo ponto e atribui parte do problema às reclamações duplicadas. Abaixo, veja mais detalhes sobre as reclamações e o que diz a Prefeitura.
Coleção de reclamações
De acordo com a Prefeitura, a maioria das reclamações nos últimos três anos está relacionada à poda de árvores, tapa buraco e limpeza de mato em área particular. Além disso, os números indicam a alta no total de chamados em cada ano.
2022: 49.379
2023: 60.755
2024: 62.014
Terreno abandonado na Rua Doutor Lauro Pimentel, na Cidade Universitária, em Campinas
Reprodução/EPTV
São chamados como o da Rua Doutor Lauro Pimentel, na Cidade Universitária, onde os moradores se queixam de um terreno abandonado. Eles dizem que tem ao menos dois anos que ninguém aparece para limpar a área e o mato está muito alto.
A Daniele Aparecida da Silva coleciona protocolos desde o ano passado. São chamados que ela abriu pelo 156 e, até hoje, não foram atendidos. “[A atendente] me disse que a proprietária foi notificada, recebeu multa. Acho que ela gostou de pagar multa. Nunca ninguém limpou”.
“Tem barata, tem rato, dengue. Aqui na rua teve muitos casos de dengue. Com certeza tem água parada”. Questionada se algum fiscal da Prefeitura já visitou o local, ela responde que “nunca, só para deixar o carnê do IPTU”.
Sem solução do poder público, a vizinhança se reuniu para pagar a limpeza do terreno. O serviço vai custar R$ 800 e será dividido entre cerca de dez moradores. “Vou ter que tirar do meu bolso para pagar algo que não é meu”.
O que diz a Prefeitura? “A responsabilidade por manter a limpeza dos terrenos particulares é dos proprietários, conforme Lei 11.455/2002. Os proprietários de ambos já foram notificados e multados anteriormente. Os dois terrenos serão vistoriados novamente até segunda-feira e, conforme as condições de cada um, serão tomadas as providências legais, como notificação e multa. A multa para limpeza de terrenos é de 250 UFICs. Mesmo com a multa, o proprietário não fica isento de precisar fazer o serviço de limpeza”.
Árvores sem poda na Rua Sargento Tarcísio Moura, em Campinas
Reprodução/EPTV
Já no bairro DIC III, o pedido dos moradores da Rua Sargento Tarcísio Moura é a poda de quatro árvores grandes, cujos galhos caem em dias de ventania. O Wesley Luis Lima conta que abriu um chamado no 156 em 20 de março, mas ninguém apareceu.
“Quando passa carro grande, ele pega, derruba os galhos de árvore, tanto que tem um monte jogado aqui no canto […] a gente pede e ninguém resolve o problema. Não tem nenhum retorno. Se tivesse um retorno para a gente saber se realmente vai vir, que data vai vir… Mas nem isso a gente tem “.
O que diz a Prefeitura? “Em relação às solicitações para poda de árvore na rua Lauro Pimentel e na rua Sargento Tarcísio Moura, no DIC 3, o serviço está programado pelo Departamento de Parques e Jardins para ser feito em até 10 dias. O 156, telefone, portal e whatsapp, é o canal oficial para recebimento das solicitações dos cidadãos para demandas como estas”.
Prefeitura cita reclamações duplicadas
Karen dos Reis, diretora de gestão da informação da Prefeitura de Campinas, afirma que a falta de respostas está ligada ao alto número de reclamações sobre um mesmo ponto e orienta que os moradores concentrem seus chamados apenas no canal 156.
“A gente vem enfrentando um problema dos grupos de bairro ou de condomínios que fazem sempre vária reclamações para o mesmo serviço. O cidadão faz o pedido via 156, faz o pedido via ouvidoria, isso gera uma quantidade duplicada de pedidos gigantesca”, diz.
“Hoje a gente não tem condições de colocar tudo numa mesma plataforma para dar uma resposta para todos ao mesmo tempo. Isso dificulta”.
Ela afirma que a expectativa é que o problema seja resolvido com o uso de ferramentas de georeferenciamento, mas lembra que o 156 prioriza casos urgentes e, “depois, os que vão entrando em ordem cronológica”.
O que é e como funciona o 156?
O 156 é o canal de comunicação oficial da Prefeitura de Campinas. É por meio dele que os cidadãos podem registrar pedidos ligados a serviços públicos municipais, solicitar informações ou tirar dúvidas. Também é possível agendar atendimentos relacionados à secretarias.
De acordo com a Prefeitura de Campinas, todos os atendentes são capacitados para esclarecer dúvidas, orientar e analisar as demandas dos cidadãos. Basta ligar para o telefone 156 que as informações e os agendamentos, quando necessários, são feitos no ato da chamada.
O atendimento é das 8h às 18h para solicitações, reclamações, informações e dúvidas. Para quem estiver fora da cidade de Campinas, o telefone é o (19) 3755-6010.
“O 156 capta e mantém todas as informações atualizadas no sistema, disponibilizando-as para os atendentes para serem repassadas de maneira eficaz ao solicitante”. Ainda segundo a administração, o canal também acompanha atraso nas respostas, se houver.
Como acompanhar uma solicitação realizada no 156?
Com o número da solicitação em mãos, é possível acompanhar o andamento pelos seguintes meios:
pelo próprio telefone 156
pessoalmente no Espaço Cidadão, no Paço Municipal, ou no Agiliza Campinas
Pela site da Prefeitura
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