Presidente citou a legislação do país no século 19 e afirmou que os EUA eram ‘mais ricos’ quando as tarifas alfandegárias eram a ‘única fonte de dinheiro’. Trump diz que há uma ‘chance’ de que tarifas substituam o Imposto de Renda nos EUA.
Reprodução/Fox Noticias
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que “há uma chance” de que as tarifas substituam o Imposto de Renda (IR) pago pelos norte-americanos. A afirmação foi feita em entrevista gravada, que foi ao ar na Fox News na tarde desta terça-feira (15).
“Há uma chance de que o dinheiro das tarifas seja tão grande que possa substituí-lo [o IR]. Nos velhos tempos, como de 1870 a 1913, as tarifas alfandegárias eram a única fonte de dinheiro. E foi quando nossa nação era relativamente a mais rica. Éramos os mais ricos”, disse Trump.
Trump sugeriu que a aplicação de tarifas no século passado não agravou a Grande Depressão (também conhecida como Crise de 1929), período marcado por uma grave recessão econômica global.
Especialistas discordam. Diante do atual tarifaço de Trump, analistas têm relembrado uma tentativa de aplicação de tarifas em 1930 — semelhante ao anunciado pelo republicano —, que agravou a crise financeira naqueles anos.
“Adoram culpar as tarifas pela Grande Depressão. Mas a Grande Depressão chegou antes de imporem as tarifas”, declarou Trump durante a entrevista.
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Neste mês, os mercados ficaram em polvorosa por conta do tarifaço anunciado pelo líder norte-americano e da consequente escalada da guerra comercial entre EUA e China. O receio de uma recessão econômica fez bolsas globais derreterem, incluindo as dos EUA, Ásia e Europa.
Apesar disso, o republicano afirmou que os EUA podem arrecadar “centenas de trilhões de dólares” no período de um ano com as taxas aplicadas sobre produtos importados de outros países.
Segundo Trump — que não revelou detalhes ou apresentou dados concretos sobre os números —, esses valores seriam referentes aos dias em que as chamadas tarifas recíprocas de 10% a 50% sobre mais de 180 países permaneceram em vigor, antes da “pequena pausa” que fez nas taxas.
“Estávamos ganhando US$ 2 trilhões ou US$ 3 trilhões por dia. Nunca tínhamos ganhado dinheiro desse jeito”, disse. “[Isso foi] antes de eu dar uma pequena pausa para dar uma desacelerada. Porque, você sabe, é uma transição. Você precisa ter um pouco de flexibilidade.”
Foi em 9 de abril, uma semana após o tarifaço, que o republicano anunciou a suspensão nas taxas. Ele reduziu a 10% as tarifas recíprocas sobre todos os países da lista, pelo período de 90 dias. A exceção ficou com a China, que enfrenta taxas de 145%.
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Entenda a guerra tarifária
A guerra tarifária se intensificou no dia 2 de abril, quando Trump detalhou as chamadas tarifas recíprocas, de 10% a 50%, sobre mais de 180 países. A partir de então, o principal foco ficou na guerra comercial entre EUA e China.
Como resposta ao “tarifaço”, os chineses retaliaram os norte-americanos com taxas extras de 34% (da mesma magnitude) sobre os produtos importados do país. A partir de então, houve uma escalada nas alíquotas.
A falta de um acordo fez os EUA chegaram a uma taxa de 145% sobre produtos importados da China. Os asiáticos responderam com taxas de 125% sobre itens americanos, além de outras medidas, como a ordem para que companhias aéreas não recebam mais jatos da empresa americana Boeing.
Na última sexta-feira (11), governo Trump também isentou smartphones, laptops e outros eletrônicos do leque das tarifas recíprocas, conforme divulgação da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA.
Com a decisão, esses produtos ficam de fora das tarifas de 145% impostas à China, principal polo de produção de eletrônicos como o iPhone, e da alíquota de 10% aplicada à maioria dos outros países.
No último domingo, Trump disse que a cadeia de eletrônicos não está sendo liberada de seu tarifaço, e destacou que o governo está analisando sua mudança apenas para uma nova categoria de tarifas.
Donald Trump
REUTERS/Nathan Howard