Presidente dos EUA disse ainda que está ‘desapontado’ com o bilionário e que ‘não sabe se eles terão uma ótima relação como antes’. Depois das críticas, ações da Tesla caíram quase 6%. Musk deixa cargo com menos de 10% do corte prometido entregue
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira (5) que o bilionário Elon Musk “está irritado com seu governo porque o republicano acabou com o mandato do carro elétrico”.
▶️ O chamado “mandato do veículo elétrico” é um apelido dado às políticas de descarbonização e eletrificação implementadas durante o governo do ex-presidente Joe Biden, que incentivavam a produção e o consumo de veículos sustentáveis em toda a indústria automotiva americana.
Na terça-feira (3), Musk classificou como “repugnante, escandaloso e eleitoreiro” o megaprojeto de lei orçamentária promovido por Trump no Congresso dos EUA.
“Este projeto de lei de gastos do Congresso, enorme, escandaloso e eleitoreiro, é uma abominação repugnante. Os que votaram a favor deveriam sentir vergonha: sabem que erraram. Eles sabem”, declarou Musk.
Durante um encontro com o chanceler alemão Friedrich Merz, na Casa Branca, Trump afirmou estar decepcionado com o bilionário e disse que Musk já sabia que isso aconteceria.
“Estou muito decepcionado com o Elon”, disse Trump no Salão Oval. “Ajudei muito o Elon.”
Após as declarações de Trump, as ações da Tesla ampliaram as perdas. Os papéis da montadora chegaram a cair quase 6%; antes do pronunciamento, a queda era de 3%.
No acumulado do ano, as ações da Tesla já recuam 22%, incluindo as perdas registradas nesta quinta-feira. Ainda assim, a empresa segue como a montadora mais valiosa do mundo, com valor de mercado de US$ 1 trilhão — muito à frente da Toyota, avaliada em cerca de US$ 290 bilhões.
A Tesla é negociada a 140,21 vezes o lucro estimado, um múltiplo significativamente mais alto do que o de outras gigantes da tecnologia, como a Nvidia.
Segundo analistas do J.P. Morgan, a Tesla pode sofrer um impacto de até US$ 1,2 bilhão no lucro anual, além de uma perda adicional de US$ 2 bilhões nas vendas de créditos regulatórios. O motivo seria uma legislação paralela no Senado que visa limitar os mandatos estaduais de vendas de veículos elétricos, como os adotados na Califórnia.
Em resposta, Musk publicou no X:
“Tanto faz. Mantenham os cortes nos incentivos para veículos elétricos e energia solar no projeto, mesmo que os subsídios para petróleo e gás não sejam tocados (muito injusto!!).”
Críticas de Musk
Elon Musk afirmou ainda, na terça-feira (3), que o texto do projeto de lei irá aumentar o déficit orçamentário em US$ 2,5 trilhões (R$ 14 trilhões). Segundo ele, isso “sobrecarregará os americanos com uma dívida esmagadoramente insustentável”.
Por fim, o bilionário declarou que o Congresso está levando os Estados Unidos à falência. Atualmente, tanto a Câmara quanto o Senado têm maioria republicana — mesmo partido de Trump.
Um dos principais aliados de Trump na campanha presidencial de 2024, Musk ganhou destaque no governo dos Estados Unidos ao comandar o Departamento de Eficiência Governamental (Doge). No cargo, ficou responsável por cortar gastos da administração pública.
O bilionário deixou o comando do Doge em 28 de maio, um dia após conceder uma entrevista criticando o plano fiscal proposto por Trump. Em 30 de maio, ele apareceu ao lado do presidente no Salão Oval da Casa Branca para uma despedida formal.
“Elon realmente não vai embora”, disse Trump. “Ele vai ficar indo e voltando.” Ambos sugeriram que Musk poderia continuar atuando como conselheiro do presidente.
Nos bastidores, no entanto, o entorno de Trump já demonstrava incômodo com a imprevisibilidade de Musk. Segundo a imprensa americana, aliados afirmavam que o bilionário havia se tornado um “fardo político”.
A agência Reuters noticiou ainda que a saída de Musk do Doge aconteceu de forma “rápida e sem cerimônias”. Fontes da Casa Branca afirmaram que o bilionário não teve uma conversa formal com o presidente antes de pedir demissão.
No sábado (31), Trump anunciou que tinha desistido de indicar um aliado de Musk para comandar a Nasa, sem explicar o motivo. Uma fonte da agência Reuters com conhecimento no assunto afirmou que o bilionário ficou desapontado com a medida.
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