Em respeito ao falecimento da arqueóloga franco-brasileira e fundadora do parque em 1979, declarado patrimônio cultural da humanidade pela Unesco, a programação de aniversário foi adiada. Um dia após morte de fundadora Niède Guidon, Parque Nacional da Serra da Capivara completa 46 anos
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Um dia após morte da arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon, o Parque Nacional da Serra da Capivara completa 46 anos nesta quinta-feira (5). Uma programação de quatro dias em homenagem ao local foi adiada em respeito ao falecimento da fundadora do parque (a nova data ainda não foi divulgada pela organização).
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O Parque Nacional está dividido em quatro municípios piauienses: Brejo do Piauí, João Costa, São Raimundo Nonato e Coronel José Dias. Com 130 mil hectares, abriga mais de 1.200 sítios com arte rupestre.
O sítio da Serra da Capivara foi escavado e descoberto pela doutora Niède Guidon em 1973. A região abriga a maior e mais antiga concentração de sítios arqueológicos pré-históricos das Américas. Niède encontrou desenhos datados de até quase 30 mil anos.
“Ela não foi só uma grande pesquisadora, ela foi uma grande gestora. Gestora de um patrimônio mundial que ela fez desde o inicio. Nós todos, os brasileiros e o mundo inteiro, devemos muito ao trabalho de Niède Guidon, porque ela dedicou a vida a isso aqui. Nós vamos continuar, honrar tudo o que aprendemos com ela”. afirmou a diretora do parque, Marian Rodrigues.
O nome do parque é em homenagem ao grande roedor capivara que esteve presente em abundância na região há milhares de anos, quando o clima não era tão quente. Atualmente, seu primo, o pequeno roedor mocó, é bastante visto no parque.
O parque abriga 33 espécies de mamíferos não voadores, sendo 11 delas ameaçadas de extinção. E é lar de também 236 espécies de aves e muitos outros animais fascinantes.
O local ainda tem cânions gigantescos que chegam aos 200 metros de altura, além de belíssimos platôs.
Os paredões são resultados da movimentação das placas tectônicas da Terra há cerca de 200 milhões de anos.
O Parque Nacional Serra da Capivara foi criado para preservar e proteger esses sítios arqueológicos e a biodiversidade da região. Os achados da doutora Niède indicam a presença humana anterior à teoria do Estreito de Bering, que datam de 13 mil anos o povoamento das Américas pelo Homo sapiens, vindo da Ásia.
Graças às descobertas da arqueóloga, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu o parque como Patrimônio Cultural da Humanidade em 1991.
Museus
Museu do Homem Americano em São Raimundo Nonato, Sul do Piauí
Reprodução Site
Contemplam o parque dois museus: o Museu do Homem Americano e o Museu da Natureza. O primeiro foi criado para divulgar a importância do patrimônio cultural deixado pelos povos pré-históricos na região. Já o da Natureza conta a história da formação dos biomas, da fauna e da flora da região.
O Museu do Homem Americano exibe permanentemente as teorias de povoamento da América criadas a partir das descobertas feitas na região. A exposição mostra os resultados de mais de quatro décadas de pesquisas realizadas na região do parque.
Também estão expostos instrumentos pré-históricos, esqueletos e urnas funerárias usadas pelos primeiros humanos a povoarem a região, há mais de 11 mil anos.
Museu da Natureza, no Piauí
Reprodução /TV Clube
O Museu da Natureza tem 12 salas dispostas em espiral onde o visitante poderá conhecer todo o processo histórico da natureza da região, do surgimento do universo, passando pela era do gelo, conhecer os fósseis de animais gigantes e a vegetação local.
Ele está localizado ao lado do parque, fora da área de preservação. O projeto partiu da arqueóloga Niède Guidon, com colaboração de Marcello Dantas, que também participou da criação do Museu do Homem Americano, em São Raimundo Nonato.
Niède Guidon
Niède Guidon protegeu por mais de quatro décadas tesouros da arqueologia brasileira
FUNDHAM
Niède nasceu em 12 de março de 1933, em Jaú (SP), filha de pai francês e mãe brasileira. Ela se formou em história pela Universidade de São Paulo (USP) em 1959. Ela foi para a França lecionar e voltou ao Brasil em 1970, quando conheceu as pinturas rupestres de Coronel José Dias, no Sul do Piauí.
O trabalho de Niède revelou mais de 800 sítios pré-históricos, com pinturas rupestres, ferramentas e outros vestígios dos primeiros habitantes humanos da América, descobertos em escavações arqueológicas.
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A importância do trabalho de Niède foi reconhecida por todo o mundo, e ela recebeu homenagens de todo tipo: desde documentários aos nomes de um pássaro e uma ópera.
Em 2020, Niède tomou posse na cadeira de número 24 na Academia Piauiense de Letras (APL), em uma solenidade virtual por conta da pandemia de Covid-19.
Quatro anos depois, em 2024, Niède recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Piauí (UFPI), pelas cinco décadas de trabalho à frente das pesquisas arqueológicas no estado.
Morre no Piauí a arqueóloga Niède Guidon – grande defensora do Parque Nacional Serra da Capivara, onde encontrou vestígios dos primeiros habitantes do continente
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