Animais são direcionados para funções específicas, conforme suas aptidões. Faro e Intervenção com mordida estão entre as opções. Cães policiais são escolhidos ainda no ‘berço’ e treino envolve até mordida de criminosos
Você sabia que a escolha de um cão policial começa no “berço” e o treinamento envolve uma série de táticas que trabalham as competências sociais e de concentração dos animais?
A Guarda Municipal (GM) de Campinas (SP) tem um novo integrante de quatro patas: o labrador Black. O nome foi escolhido por meio de uma votação no Instagram oficial da corporação, e o filhote já começou a trilhar seu caminho no canil, onde vai passar por um longo e rigoroso processo de preparação para se tornar um cão policial.
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De brincadeiras no pátio a missões complexas, o treinamento é diário e passa por diferentes etapas até que o animal esteja pronto para atuar em operações. Para saber como funciona esse processo, o g1 foi até o canil da GM e conversou com um dos guardas e adestrador Gilmar Freire (assista acima).
Escolha do novo recruta 🔎
Novo “recruta” da Guarda Municipal de Campinas
Guarda Municipal
De acordo com o guarda, a escolha de um cão policial começa ainda na ninhada. O processo envolve uma série de testes que avaliam coragem, curiosidade, sociabilidade e resistência a ruídos.
“A gente faz alguns testes com vários filhotes, como se fosse uma dinâmica em grupo, e vê qual tem mais características que a gente precisa pro nosso trabalho”, comenta Gilmar.
Gilmar Freire explica que características genéticas, normalmente identificadas pela raça do cão, são fundamentais para garantir a eficiência nas operações policiais.
“Quando a gente escolhe um cão de uma raça específica, a gente consegue buscar padrões genéticos de comportamento. […] Por exemplo, se eu preciso de um cão que não tenha medo de água e não vou escolher uma raça qualquer. Vou escolher uma raça que já foi adaptada”, explica.
Passo a passo do treinamento 🐾
Assim que chegam ao canil, por volta dos 50 dias de vida, os filhotes iniciam o treinamento, que é dividido em etapas. Tudo começa com a socialização e a ambientação. Os cães aprendem a interagir com pessoas, crianças, outros animais e a se adaptar a diferentes terrenos e sons.
“O objetivo é criar um cão que esteja confortável em qualquer situação, seja em uma operação, seja em um ambiente urbano movimentado”, destaca Gilmar.
Após essa fase, os cães começam a ser direcionados para funções específicas, conforme suas aptidões:
Faro: os animais são treinados para localizar drogas, pessoas ou até cadáveres. O faro é estimulado com o uso de objetos com odores específicos, e os acertos são recompensados.
Intervenção com mordida: o cão aprende a imobilizar suspeitos em situações de fuga. “Vamos supor que a gente se deparou com um roubo e o indivíduo fugiu. A gente não consegue mais pegar ele na corrida. Então usamos o cão para fazer essa intervenção. Ele vai lá, vai morder a pessoa e vai mobilizar ali no chão até a gente chegar”, explica.
Comandos básicos (Show Dog): diferentemente das competições tradicionais, o treinamento de “Show Dog” no canil da GM não tem o objetivo de participar de apresentações. O foco é fazer com que os cães aprendam comandos básicos e avançados, que vão de sentar e deitar a saltar muros, passar por pontes estreitas e túneis sem dificuldades.
Cão da raça Pastor-belga-malinois saltando um obstáculo durante o treinamento
Estevão Mamédio/ g1
O treinamento dura, em média, de um ano e meio a dois anos. Durante esse período, cada cão tem um treinador fixo, que o acompanha até a formação completa. Mesmo depois disso, o treinamento nunca para. “Ele vai treinando até a aposentadoria”, ressalta o adestrador.
Alguns cães se destacam pela versatilidade e chegam a acumular até três funções, como farejar drogas, localizar pessoas e realizar intervenções.
O Pastor-belga-malinois é a raça que mais se sobressai nessas atividades. “Além do faro excelente, eles têm resistência física e são muito atléticos. É um cão que se você precisar fazer que ele salte um muro de 3 metros, ele salta”, exemplifica Gilmar.
Campeões de farda 🏆
Além de atuar em operações, os cães do canil da GM de Campinas também brilham nos pódios de competições nacionais.
Os campeonatos reúnem guardas municipais, polícias militares e outras forças de segurança de todo o país, com provas que testam habilidades de faro, agilidade e obediência.
Entre os destaques, está o bicampeão nacional de faro, que já subiu ao lugar mais alto do pódio em disputas que testam a habilidade de localizar entorpecentes, pessoas e outros odores específicos no menor tempo possível.
Além do faro, os cães de Campinas também têm medalhas em provas de agilidade, onde enfrentam circuitos com obstáculos, como saltos sobre muros, transposição de barreiras e túneis.
Além dos títulos principais, os cães acumulam segundos e terceiros lugares.
“Cada troféu é o reconhecimento de um trabalho diário, que envolve técnica, disciplina e, principalmente, uma conexão muito forte entre o guarda e o animal”, afirma Gilmar Freites.
Além de atuar em operações, os cães do canil da GM de Campinas também brilham nos pódios de competições nacionais.
Estevão Mamédio/g1
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